Punição
para desembargador desonesto é dinheiro público
Rodrigo
Zavala
Equipe GD
Imagine
um funcionário acusado de fraudes administrativas em
uma empresa que, como punição, recebe em uma
pomposa aposentadoria. Pois bem, essa é uma alusão
ao caso dos desembargadores cearenses. Acusados de venda de
sentenças, nepotismo e até conivência
com traficantes de drogas, os juizes do Tribunal de Justiça
do Ceará, Ernani Barreira Porto e Edmilson Cruz, receberão
como castigo, no máximo, uma bela aposentadoria compulsória.
Que tal?
Embora
as acusações sejam consideradas gravíssimas,
essa é a pena máxima prevista em processos administrativos,
segundo o tribunal cearense. Isto é, depois de construir
um suntuoso patrimônio sobre ações que
ferem a ética da magistratura, deixarão seus
cargos sem prestar contas e, ainda, onerando os cofres públicos.
Para se
ter uma idéia da "qualidade de vida" dos
desembargadores, o jornal Folha de S. Paulo fez um levantamento
que não confere com os salários brutos dos acusados
(de R$ 11.080,00). Juiz de carreira e ex-professor da Universidade
de Fortaleza, Cruz acaba de construir um casa com três
pavimentos, com piscina no último andar, que só
pode ser acessada por elevador.
Já
Barreira vive em dois amplos apartamentos, em frente à
praia de Iracema, região nobre da capital cearense.
Um dos apartamentos estava à venda pela bagatela de
R$ 550 mil. Ele e sua esposa possuem também uma confortável
casa de praia de 600 metros quadrados de área construída
em Porto das Dunas. O imóvel fica ao lado do Parque
Aquático Beach Park, um dos trechos mais valorizados
do litoral nordestino.
Cumpridos
os prazos regimentais, os processos serão julgados
pelo pleno do Tribunal de Justiça. As penas (aposentadoria
compulsória com salário proporcional ao tempo
de serviço ou indisponibilidade) deverão ser
aprovadas por dois terços dos desembargadores, ou seja,
16 dos 23 magistrados.
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mais:
- Patrimônio
desperta curiosidade no TJ
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Patrimônio
desperta curiosidade no TJ
O patrimônio
dos desembargadores Edmilson Cruz e Ernani Barreira, cujo
salário bruto é de R$ 11.080,00, desperta a
curiosidade de magistrados cearenses.
Juiz de
carreira e ex-professor da Universidade de Fortaleza, Cruz
acaba de construir um casa de três pavimentos, com piscina
no último andar, no sítio Buenos Aires, em Cascavel,
município a 70 km de Fortaleza. Segundo moradores do
sítio, o acesso à cobertura é feito por
elevador.
Advogado
até março de 1987, quando foi nomeado desembargador,
e professor da Universidade Federal do Ceará, Barreira
não tem imóveis registrados em seu nome em Fortaleza.
Ex-secretário
da Administração e ex-procurador-geral no governo
Gonzaga Mota (1983-1986), seu patrimônio resume-se a
um jipe Suzuki Vitara, ano 1999, segundo o Detran cearense.
Barreira entrou no TJ pelas mãos de Mota, em 12 de
março de 1987, três dias antes da posse de Tasso
Jereissati. Barreira é primo de Miriam Porto Mota,
mulher do ex-governador.
Barreira,
no entanto, vive com a mulher, Monique Coelho, e as duas filhas
do casal em dois apartamentos, de 270 metros quadrados cada
um, em frente à praia de Iracema, região nobre
da capital cearense. Há um mês, o apartamento
do 14º andar estava à venda por R$ 550 mil.
Monique
é a proprietária da casa de praia do casal,
com 630 metros quadrados de área construída,
em Porto das Dunas. O imóvel fica ao lado do parque
aquático Beach Park, um dos trechos mais valorizados
do litoral cearense. Em junho de 1997, Monique pagou R$ 150
mil pelo imóvel. Ao comprar a casa e o primeiro apartamento,
a renda oficial de Monique era o salário de juíza,
de cerca de R$ 7.000.
Ela entrou
na magistratura por concurso público, depois de casar-se
com Barreira. Em 1999, deixou a função para
assumir um cartório de registro de imóveis em
Maranguape, na região metropolitana de Fortaleza, também
aprovada em concurso.
O patrimônio
do casal Barreira pode crescer ainda mais, caso Monique vença
a ação que move contra o Banco do Brasil e a
administradora de cartões Visa. Em viagem à
Europa, em 1995, ela e o marido consideraram-se ultrajados
ao terem problemas no pagamento de uma compra de tapetes durante
uma escala de cruzeiro marítimo pelo mar Mediterrâneo
e decidiram processar as instituições financeiras.
Na primeira
instância, o juiz arbitrou o valor da indenização
em R$ 6 milhões. Os condenados recorreram ao TJ. O
desembargador Edmilson Cruz foi nomeado relator do caso. Seu
voto, seguido por outros dois desembargadores, estabeleceu
uma indenização de R$ 4 milhões.
A sentença
foi dada no dia 27 de setembro de 1999. Cruz não se
considerou impedido de julgar a ação, ainda
que sua filha Ana Cristina Onofre Cruz tenha sido assessora
no gabinete de Barreira entre 1998 e 2001.
Edmilson
Cruz Júnior, filho do desembargador, disse que a condenação
foi mantida pelo STJ e o valor reduzido a R$ 2 milhões,
mas a assessoria do tribunal informou que o processo só
deverá ser julgado neste ano. (RF)
(Folha
de S. Paulo)
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