Proposta
indecente
Cristina
Veiga
Equipe GD
Uma deputada
estadual carioca está querendo legalizar o hoje ilegal
comércio de órgãos. A proposta de Aparecida
Gama é reduzir em um terço a pena de um condenado
se ele doar, em vida, um de seus órgãos. Um
dos grandes riscos é de os presos começarem
a vender seus próprios órgãos. Além
de terem, a pena reduzida, ainda ganhariam algum "trocado".
A deputada
está sofrendo uma enxurrada de críticas. Até
mesmo quem coordena programas de transplantes discorda dela.
O argumento é que uma doação não
pode envolver troca. Na forma como está colocada a
idéia é simplesmente uma coação.
"É o absurdo dos absurdos", diz o próprio
coordenador do Programa Rio Transplante, Jorge Aquino.
A deputada
está tão convicta de que sua proposta resolveria
o problema de superlotação carcerária
e ainda o da fila de espera de transplante que chega a fazer
piadinha: "É claro que eles não podem doar
o coração", diz ela.
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A barganha dos órgãos
A
barganha dos órgãos
A deputada
estadual Aparecida Gama, do Rio de Janeiro, quer resolver
duas questões ao mesmo tempo: a superlotação
carcerária e a fila de espera de transplantes. Ela
propõe a redução da pena de um condenado,
em um terço, se ele der em vida algum de seus órgãos.
"É
claro que eles não podem doar o coração",
lembra a deputada.
O projeto
é uma espécie de comércio branco de órgãos
- e pode incentivar um comércio para valer. Num país
onde presos mantêm centrais telefônicas clandestinas
fora das cadeias, qual a segurança de que não
venderiam os órgãos, já que todo doador
em vida tem o direito de escolher o destinatário?
"O
preso pode alegar que se trata de um amigo, mas receber dinheiro",
diz Gilson Nascimento Silva, presidente da Associação
de Doentes Renais e Transplantados.
"É
o absurdo dos absurdos. Uma doação não
pode envolver troca", acrescenta Jorge Aquino, coordenador
do Programa Rio Transplante. Segundo o cirurgião Joaquim
Ribeiro, chefe de transplantes do Hospital Clementino Fraga
Filho, isso lembra métodos nazistas.
"É
uma coação", diz ele.
(IstoÉ)
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