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capital humano
09/01/2006
Rádio acalma e diverte presas em SP

 

"Rádio Espaço Livre: só não ouve quem não vive." Nome e slogan não poderiam ser melhores. Até porque nenhum ouvinte está em liberdade.

Primeira rádio a funcionar em uma prisão no país, segundo o governo paulista, desde setembro a Espaço Livre anima os almoços de quarta e quinta-feira das 680 detentas da Penitenciária Feminina, em São Paulo.

A rádio é comandada por 11 presas, que aprenderam a operar o equipamento, a produzir reportagens e a fazer a locução com estudantes de jornalismo da Universidade Metodista.

A cada edição, duas se revezam na locução e duas na mesa de som. Uma é responsável por colocar a rádio no ar e as demais vão atrás de reportagens pensadas nas reuniões que ocorrem toda sexta-feira. Os programas, de 45 minutos, são finalizados apenas duas horas antes de começarem, uma vez por semana. No dia 14 de dezembro, a Folha acompanhou a gravação.

Eram 10h03 quando o slogan deu partida ao programa. Um grupo de 10 pessoas, entre detentas e estudantes, se espremia em uma salinha sob o olhar de um Jesus Cristo crucificado. Uma das locutoras, Priscila Fernandes de Oliveira, 22, chama a primeira reportagem, sobre prevenção da tuberculose, e a escuta atentamente. Condenada a 12 anos por tráfico e formação de quadrilha, ela sabe que, quanto mais informação tiver, mais fácil será sua sobrevivência. "Aqui a gente tem de ficar esperta para não ficar doente.

" Entre uma reportagem e outra, música. Quem inaugura a seção é Zeca Pagodinho. No começo da rádio, lembram as presas, as ouvintes queriam que a programação fosse apenas musical. Até que se acostumaram com a proposta e hoje ficam atentas às dicas dos departamentos de saúde e jurídico.

Mas o grande sucesso está por vir: o horóscopo. Bastam os signos serem anunciados para o silêncio se instalar no refeitório (onde ficam as duas caixas de som), conta Karla Meneses, 35, condenada por seqüestro.

A diretora da penitenciária, Maria Risola Dias diz que, no início, ficou com medo de autorizar a rádio. Mas agora a recomenda para outros presídios. "O comportamento das detentas mudou: estão mais disciplinadas", afirma.

Oito estudantes da Metodista participam do projeto, um trabalho de conclusão de curso. Para viabilizá-lo, gastaram R$ 5 mil na compra do equipamento, doado às presas. "Não tivemos problema nenhum com as detentas", diz Fernanda Vergueiro, 23. "No começo a gente não entendia as gírias mas, em pouco tempo, nos entrosamos."

Os alunos continuarão ajudando as presas na rádio por mais seis meses e, a partir daí, esperam que estejam seguras para tocá-la sozinhas.

DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo

   

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