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capital humano

23/06/2008


O melhor e o pior município na 8ª série

 

Imigrante (RS) e Baraúna (RN) estão nos extremos da lista do Ideb

Os avanços na Educação Básica do País, mostrados nos últimos dias com os números mais recentes do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ainda deixam para trás boa parte do alunos dos anos finais do ensino fundamental. Na 8ª série, quase 40% das escolas não conseguiram atingir a meta estabelecida em 2006 pelo Ministério da Educação e um quarto dos municípios pioraram a sua situação quando se compara o Ideb de 2007 e 2005. Entre os 100 que estão em pior situação este ano, 58 caíram em relação ao primeiro Ideb.

Veja todos os números do Ideb e o desempenho dos Estados

Os números divulgados pelo MEC mostram que o avanço ainda se concentra nas séries iniciais. É na 4ª série que os resultados dos municípios e das escolas são melhores. Hoje, há 739 escolas brasileiras dessa série com Ideb 6 - considerado um nível compatível com escolas de países desenvolvidos -, mais do que com Ideb ruim. São apenas 542 com Ideb abaixo de 2. Na 8ª, a situação é inversa: apenas 43 escolas - a maioria delas da rede federal de ensino - têm média 6 ou superior. Na ponta de baixo da tabela, com Idebs abaixo de 2, concentram-se 1.042 - ou 7,3% de todas as que participaram do Ideb de 2007.

As próprias notas dos municípios revela que as 8ªs ainda precisam melhorar muito. Apenas 88 cidades conseguiram fazer médias acima de 5, considerada boa pelo MEC. Apenas 2 - Imigrante e Três Arroios (RS) - alcançaram média 6.

As duas cidades gaúchas, com cerca de 3 mil habitantes, têm perfis semelhantes, com população pequena, homogênea a decisão de investir em educação. Imigrante, a 136 quilômetros de Porto Alegre, chegou a um Ideb de 6,1 graças tanto à sua condição de pequeno, com poucos problemas sociais, quanto ao trabalho coletivo e aos métodos educacionais que desenvolve na Escola Municipal de Ensino Fundamental Santo Antônio. Com apenas uma turma de 15 alunos na 8ª série, o trabalho do município também foi facilitado. O investimento necessário é menor e, como explica a secretária municipal da Educação de Imigrante, Edi Fassini, a proximidade das pessoas favorece o trabalho conjunto, o planejamento, a troca de informações e de ajuda entre professores e entre alunos.

A coordenadora regional de Educação, Rosana Rührwien, atribui os bons resultados de Imigrante às iniciativas da prefeitura. “O corpo docente faz sistematicamente uma reflexão de sua prática pedagógica, os alunos têm diversas atividades extracurriculares, como projetos de leitura e música, canto e marcenaria, podem optar por aulas de inglês, alemão e italiano, as escolas trabalham o relacionamento de pais e filhos e a informática é utilizada desde 1996.”

Em 2005, a cidade não havia participado do Ideb por não ter alunos suficientes na 8ª série, mas já tinha indícios de que o ensino da cidade funciona. No ano passado, o estudante Tobias Lucian, da 7ª série, foi medalha de ouro da Olimpíada Brasileira de Matemática. “Nós tínhamos avaliações internas, mas precisávamos nos posicionar no Ideb para termos alguma referência em relação aos demais municípios”, comentou a secretária de Educação.

Na extremidade oposta do ranking do Ideb, o município de Baraúna (RN) obteve, este ano, o título de cidade com pior resultado do País, com apenas 1,5 - ainda menor do que o 1,9 de 2005. Bem maior do que a campeã Imigrante, com 23 mil habitantes, Baraúna também é mais pobre, e enfrenta vários problemas sociais que não afligem o município gaúcho, como trabalho infantil e evasão escolar. Mas, com um Produto Interno Bruto per capita de R$ 11.543 - próximo à média nacional de R$12, 4 mil - e um Índice de Desenvolvimento Humano médio, em 0,600, Baraúna também não tem o perfil típico da cidade miserável e sem recursos para cuidar de suas escolas.

A secretária de Educação, Núbia Bezerra, afirma que seu município enfrenta as mesmas dificuldades de outras cidades pobres do País. “Mas estamos tentando reverter esses maus resultados.” A evasão escolar e o baixo rendimento são, de acordo com a secretária, os principais problemas encontrados na educação do município. “A maior parte das evasões ocorre porque os alunos têm de optar entre trabalhar ou estudar. Muitas famílias só têm a renda de programas como o Bolsa-Família”, disse. “Além disso, muitos só vão para a escola depois de passar o dia trabalhando e terminam por ter um rendimento baixo.”

A secretária avalia que, se a educação no município contasse com maior ajuda do governo ou de empresas que exploram a fruticultura na região, a situação poderia ser diferente. “Temos educadores responsáveis que educam com amor, mas não é só isso. A gente está tentando melhorar, mas precisa de mais ajuda”, disse. O município pretende criar aulas de reforço, mas só conseguirá implantá-las, de acordo com Núbia, no início do próximo ano. A evasão é combatida com um grupo de 30 agentes que visitam as famílias para tentar convencê-las da importância de manter seus filhos na escola. A secretária acredita que ação trouxe resultado, mesmo que o reflexo no Ideb não tenha aparecido.

Correção
Diferentemente do publicado na edição de sábado, 3ª nota da pág. A35, as escolas da rede municipal que ficaram em 4º lugar na lista das piores na 4ª série, com Ideb de 1,8 - o mesmo de 2005 - não são de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, mas do município homônimo de Alagoas.

Lisandra Paraguassú e
Elder Ogliari, PORTO ALEGRE;
Éverton Dantas, NATAL
O Estado de S.Paulo

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