MEC quer tornar mais rigorosa seleção de futuros professores
Diante
das deficiências na formação de parcela
expressiva dos professores, o Ministério da Educação
lança hoje um conjunto de medidas para, de um lado,
qualificar os que já estão em exercício
e, de outro, tornar mais rigorosa a seleção
dos futuros docentes.
Uma das propostas é filtrar futuros professores já
na entrada para a universidade.
O projeto, que depende da aprovação do Congresso,
fixa uma nota mínima no Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio) para quem quiser ingressar em um curso superior
de formação de professores.
A ideia de uma nota de corte nacional, segundo o ministro
Fernando Haddad, parte da premissa de que dificilmente uma
instituição de ensino consegue elevar a formação
de um aluno que tem base precária.
Uma pesquisa com dados do Enem de 2005 de Paula Louzano, doutora
em educação pela Universidade Harvard (EUA),
mostrou que só 5% dos melhores alunos do ensino médio
queriam seguir o magistério, o que ela credita à
falta de atratividade da carreira. Entre os piores, o índice
sobe para 16%.
Segundo o ministro, a nota de corte pode mudar de ano para
ano. Nesse cálculo, teriam de ser equacionados o aspecto
quantitativo, ou seja, a demanda da rede pública por
professores, e o qualitativo.
Para depois da universidade, o MEC fará um concurso
nacional para seleção de professores da rede
pública. A prova será feita pelo Inep, e os
Estados e municípios interessados poderão usar
o banco de dados com as notas dos aprovados.
Serão anunciadas novas regras para a graduação
em pedagogia em instituições privadas e federais
-as estaduais e municipais não estão sob jurisdição
do MEC. Os cursos terão de usar 70% da carga horária
para formação de professores.
A medida vem após conclusão de que cursos ensinam
pouco sobre o que e como ensinar.
Para incentivar o ingresso nos cursos de formação
de professores, será enviado ao Congresso um projeto
de lei que modifica o Fies, que financia estudantes do ensino
superior.
O aluno de um curso privado de formação de professores
que aderir ao financiamento poderá, depois de formado,
abater 1% de sua dívida a cada mês trabalhado
na rede pública. Ao final de oito anos e quatro meses,
ele terá quitado seu débito. A medida valerá
também para médicos do Programa Saúde
da Família em municípios definidos pelo Ministério
da Saúde.