HOME | NOTÍCIAS  | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | QUEM SOMOS


Envie sua opinião

boca no trombone

"Quem vai melhorar este país somos nós",
Mauricio Antonio

"Por que Marta não fez a obra próximo da casa dela",
Marcio Coronato


palavra do leitor

"Aqui, o PT ganhou as eleições. Mas, sem sombra de dúvidas, perdeu a vergonha",
Pedro Bira

"Em breve, teremos um país vermelho de vergonha!",
Antonio Brandi


01/09/2006
Carta da semana

Errar, e perseverar

O real sentido da palavra exclusão continuará nos escapando, na prática. Refere-se à situação de marginalização de pessoas ou grupos colocados em desvantagem na luta pela sobrevivência, pela vida.

Ainda que se recorra a uma descrição infinda de formas de exclusão: gênero, opção sexual, raça, aparência física, nível sócio-econômico, o significado nos escapa. Haverá o horário nobre arbitrando o que se pode e não se pode ver, os “lobos em pele de cordeiro” tentando nos convencer de que lutam pelos humildes, procurando justificar desvios utilizando-se da cláusula de Sêneca: o Filósofo “Errar é humano”. Muitas vezes esta citação vem junto à frase atribuída a São Bernardo: perseverare autem diabolicum, "mas perseverar é diabólico".

Sobejam articulações para perpetrar e perpetuar "erros", privilégios, pagamento de convocações extraordinárias nos fóruns deliberativos, compra de votos, licitações fraudulentas, gastos exorbitantes com propaganda eleitoral, e outras ações que colocam grande parte da população em filas intermináveis do SUS, na busca de emprego, na mendicância.

Das palavras o significado não se descola. A exclusão não é uma roupa, mas a pele de quem sente e vive no dia-a-dia. Uma auxiliar de serviços desabafa: “As pessoas não querem conversar comigo, não me entendem por causa do meu problema de fala”.

O significado da exclusão também se remete às crianças que sofrem com as zombarias de colegas que as chamam de “quatro olhos”, ou de “baleia”, dentre outros adjetivos; e se agrava a cada minuto da vida com carências de todas as formas se incrustando, sem mais a vergonha apenas sentida, mas perpetuada. Exclusão é a covardia de não se colocar no lugar do outro. Já a inclusão não é uma questão de solidariedade, mas de respeito, não se limita a um ano nacional ou internacional, data ou discurso. Não é uma frase de efeito.

Descrições, muitas vezes, por mais pormenorizadas que sejam ainda se distanciam do real. Leio nos jornais que a população de rua cresceu em Belo Horizonte. O número de pessoas que vivem nas ruas aumentou 27% (vinte e sete por cento) em oito anos. Triste constatação! Ver morar debaixo de um viaduto é diferente de morar debaixo de um viaduto, porque a segunda situação envolve recém - nascidos e idosos convivendo com ratos, baratas, formigas, infiltrações, passando fome, enfrentando calor ou frio, e outras dificuldades que o passante não sente. Não somos todos iguais nem perante a lei, nem à vida. Há distinções. Já erramos demais! Impossível perseverar no erro.

De tudo fica a certeza de que captar o significado é ir além das palavras, é ler, ver em todos os sentidos, o mais amplo e próximo possível. Poderemos nos aproximar de tal modo da realidade que as ações sejam para incluir e constituam o princípio, antônimo de todas as práticas de exceção”,
José Maria Theodoro - theodoro_4@yahoo.com.br


CIDADÃO JORNALISTA é um espaço destinado aos leitores e ouvintes que ao relatarem fatos e experiências de sua cidade, comunidade e cotidiano, tornam-se repórteres por um momento.

 
 

Anteriores:

25/08/2006
Eu Tenho um Sonho
18/08/2006
Veja a repercussão e opiniões diversas dos leitores a respeito da coluna “Serra foi preconceituoso?”
11 /08/2006
Democracia Já
04/08/2006
Para aqueles que ainda podem pensar em estrelas e galáxias
28/07/2006
Foz do Iguaçu ajuda o Brasil a enfrentar as drogas
21/07/2006
Onde estava a Constituição?
14/07/2006 Fracasso do ensino
07/07/2006
Reputação Ilibada como pré-candidatura ao cargo no poder executivo e legislativo
30/06/2006
Cordel do cego e do seu guia
23/06/2006
Vamos lá Brasil!!!