Dos 241 mil
professores que se submeteram à prova da Secretaria
Estadual da Educação de São Paulo, 3.000
tiraram zero: não acertaram uma única sobre
a matéria que dão ou deveriam dar em sala de
aula. Apenas 111, o que é estatisticamente irrelevante,
tiraram nota dez. Os números finais ainda não
foram tabulados, mas recebo a informação que
pelo menos metade dos professores ficaria abaixo de cinco.
Essa prova tocou no coração do problema do ensino
no Brasil, o resto é detalhe.
Como esperar que um aluno de um professor que tira nota ruim
ou mediana possa ter bom desempenho? Impossível. Se
fosse para levar a sério a educação,
provas desse tipo deveriam ser periódicas em toda a
rede (assim como os alunos também são submetidos
a provas). Quem não passasse deveria ser afastado para
receber um curso de capacitação para tentar
se habilitar a voltar para a escola.
A obrigação do poder público é
divulgar as listas com as notas para que os pais saibam na
mão de quem estão seus filhos. Mas a culpa,
vamos reconhecer, não é só do professor.
O maior culpado é o poder público que oferece
baixos salários e das universidades que não
conseguem preparar os docentes. Para completar, os sindicatos
preferem proteger a mediocridade e se recusam a apoiar medidas
que valorizem o mérito.
O grande desafio brasileiro é atrair os talentos para
as escolas públicas --sem isso, seremos sempre uma
democracia capenga. Pelo número de professores reprovados
na prova, vemos como essa meta está distante.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
|