REFLEXÃO


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pensata
15/05/2007
Como "matar" um professor

Há uma série de pesquisas que mostram o enorme estresse a que é submetido um professor, especialmente de escola pública, traduzindo-se em várias doenças, como ansiedade ou depressão. Ao perder o encanto de ensinar, ele estará, enquanto profissional, morto, esperando a aposentadoria.

Todos falam em inúmeros fatores por trás dessa "morte": classes superlotadas, falta de estrutura das escolas, pais desinteressados, alunos violentos, poucos estímulos para premiar o mérito etc. Há, porém, um fator pouquíssimo comentado, que, na minha opinião, é dos piores porque se associa ao mau desempenho nas notas e favorece comportamentos violentos.

Tenho recebido uma série de estudos que revelam a altíssima incidência, nas escolas públicas, de doenças e distúrbios psicológicos em estudantes. Falamos aqui em, no mínimo, 30% dos alunos, entre os quais alguns simplesmente não enxergam ou ouvem direito. Só a dislexia pode estar atingindo 15% deles. Temos na sala de aula um desfile de enfermos sem cuidados apropriados.

Isso significa que os governos deveriam ajudar as escolas a enfrentar problemas que não podem ser resolvidos pelo professor, da saúde à assistência social; filhos de famílias desestruturadas tendem a ter problemas em sala de aula. Exige-se, assim, um olhar mais sofisticado diante da educação.

Como esse olhar não existe e cada repartição do governo trabalha isoladamente, o professor acaba vítima de tensões que vão muito além da sala de aula. Esse é um dos fatores que explicam o enorme absenteísmo e a rápida rotatividade em escolas públicas tanto de estudantes como de professores.

Nessa "morte" do professor, a maior vítima, é claro, é o lado mais frágil, o aluno, acusado de ser culpado por não aprender. E aí quem "morre" é o aluno, que passa a não ter interesse pelo conhecimento.

PS - No site há mais dados sobre educação e saúde.


O massacre dos inocentes


Coluna originalmente publicada na Folha Online, editoria Pensata.

   
 
 
 

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