A vila ainda é de barracos,
mas a lona começa a ser substituída por paredes
de verdade. "Todo mundo está na mesma intenção
mim. Todo mundo está querendo ver a casa pronta",
disse o desempregado Pedro Rodrigues Pereira.
Em um descampado de um dos bairros
mais pobres de Uberlândia, em Minas Gerais, voluntários
ensinam os segredos de uma construção compatível
com a renda dos moradores do lugar: o tijolo ecológico.
Para cada seis latas de terra coloca-se duas de areia, uma
de cimento e água até chegar ao ponto ideal
para triturar a mistura.
Da máquina de prensar todos os dias saem 800 tijolos
que secam na sombra em vez de serem levados para o forno.
"São duas vantagens principais:
a não retirada do cerrado para a geração
da lenha que vai nos fornos e a argila, que normalmente é
retirada do fundo do vale e próximo dos córregos,
é tirada da superfície em áreas de colina
o que evita a degradação dos vales", explicou
o ambialista Sílvio Alves.
Além de não agredir
o meio ambiente, é uma técnica que faz a obra
ficar mais barata. "Na hora da montagem da casa não
se usa reboco, o tijolo é colado um no outro. Não
é necessária a pintura da casa, só um
verniz", explicou o coordenador do programa Flávio
Oliveira.
Para não gastar nem com mão-de-obra,
os moradores fazem mutirão na hora de construir as
casas nos terrenos doados pela prefeitura. O servente de pedreiro
Luiz Silva, que ajudou Maurício, recebe a retribuição
pela generosidade.
"É uma sensação
muito boa de ter uma moradia da gente e a gente fica feliz.
Uma mão lava a outra e um ajudando o outro é
melhor", falou o Luiz.
Em um barraco de madeira e de um cômodo
só, há três anos, mora uma família.
Dois meses atrás, marido e mulher iniciaram uma obra
em frente à moradia improvisada. Sozinhos eles fizeram
e assentaram todos os tijolos ecológicos. Hoje, falta
apenas o telhado para mudarem de casa.
Servente de pedreiro, Darly Bernardes
ganha R$ 240 por mês e não vê a hora de
pôr os dois filhos e a mulher debaixo do novo teto.
"Se fosse para a gente só mesmo poder lutar, poderia
ser bem difícil para a gente poder estar passando para
dentro do que é da gente, das nossas próprias
casas", falou.
Noves casas já foram construídas.
Aos poucos, a vila vai ganhando cara de bairro e ruas de nomes
sugestivos.
Esse projeto, todo elaborado
por voluntários, foi testado e recebeu o aval da Universidade
Federal de Uberlândia. As casas de 42 metros quadrados
custariam em torno de R$ 10 mil se fossem feitas pelo método
tradicional. Usando o tijolinho ecológico, o custo
baixa para seis mil reais.
As informações são
do site Globo.com.
|