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Integração
05/07/2005
USP produz conhecimento com a comunidade

Erika Vieira

“O intuito não é levar apenas o conhecimento da universidade até as pessoas, é entrar em contato com a comunidade e gerar conhecimento junto com a comunidade”. É assim que o estudante de engenharia de telecomunicações, Rafael Pacheco Alquezar, define o propósito do Escritório Piloto (EP). O Escritório é um laboratório experimental composto por alunos da USP, desenvolvido pelo Grêmio da Escola Politécnica. Estudantes do curso de engenharia civil em conjunto com membros de outras diferentes áreas elaboram projetos para integrar o ensino da universidade com a realidade em que vive a sociedade. Dessa forma, se faz valer realmente o papel de instituição pública e social da educação.

“Funciona como um conhecimento de mão dupla”, fala Vitor Suzuki de Carvalho, do 4º ano de engenharia ambiental. Ele demonstra o conceito de extensão universitária proposto pelo EP, também explica que promovem grupos de discussão sobre determinados temas envolvendo alunos de diferentes áreas de conhecimento, professores e ONGs. “Dessa forma tentamos mudar a cara da universidade de lógica de mercado para lógica social. Com isso, é possível descobrirmos o que é necessário estudar no curso para atender melhor a sociedade”, fala Pacheco.

O Escritório Piloto surgiu na década de 50, mas foi reaberto só em meados dos anos 90 depois de ficar um período desativado. Desde 2001 é financiado pelo Fundo de Cultura e Extensão da USP. Porém, os alunos contam que atualmente não conseguem desenvolver os projetos de modo integral porque houve uma diminuição do número de bolsa concedida pelo Fundo. “Não há um critério para definir qual projeto financiar. O fundo divide o número de bolsas entre todos os projetos da universidade, se você precisa de nove para aplicar uma ação esse número é divido e você passa a ganhar apenas quatro”, explica Suzuki.

Essa iniciativa funciona como uma extensão universitária gerida pelos estudantes que pretende obter resultados acadêmicos provenientes da prática de solucionar problemas reais. Atualmente estão elaborando uma publicação para tentar definir o que é extensão universitária, como funciona, quando surgiu e como que é tratada no regulamento da educação.“Há uma dificuldade em tentar se definir o que é extensão”, diz Alison Pablo de Oliveira, do curso de engenharia de energia e automação.

Ações Práticas
Recentemente o Escritório Piloto (EP) desenvolveu um projeto para recuperar o Parque Francisco Rizzo, na cidade de Embu. Estudantes de engenharia, arquitetura, ciências sociais, biologia entre outros elaboraram um estudo para entender porque o local não era utilizado pela comunidade, a fim de fazer as pessoas se apropriarem do espaço. O EP entrou em contato com a Associação de Jovens da região a fim de que eles reivindiquem a prefeitura a aplicação integral do projeto, contemplando todos os âmbitos (social, cultural,etc). Inicialmente a prefeitura propôs ao EP apenas a reformulação da parte física do parque, mas os estudantes se preocuparam em sanar o problema de maneira mais profunda.
Um dos meios que o EP encontrou para se envolver com a comunidade foi montando o Laboratório de projeto integrado e participativo para requalificação de cortiços. O laboratório atuou em um prédio do centro de São Paulo com o intuito de transformar o edifício comercial em residencial, contribuindo assim para uma política pública de habitação.

O prédio era ocupado por movimentos populares que reivindicavam o direito de residirem no local. A Poli montou um escritório dentro do edifício para estudar o espaço, e pode formular um projeto que atendesse a necessidade daquela comunidade e de tantas outras que lutam por um teto para morar. Hoje, existem na cidade muitos prédios desativados que não são autorizados à habitação por não terem estrutura adequada.

Com isso o EP, além de desenvolver novas técnicas de construção, também pode elaborar um diagnóstico mais profundo sobre a demanda de moradia do centro. Esse projeto foi realizado em 1999, em parceria com o Movimento de Moradia do Centro (MMC) e outros movimentos populares. O estudo virou uma publicação que ganhou o apoio da “Politécnico di Torina”, Universidade Italiana, e está servindo de referência para pesquisas em vários paises.

Atualmente os estudantes trabalham na revitalização do Cadapô, prédio construído na década de 50 na região do Bom Retiro. O local serviu de moradia aos alunos da politécnica na época em que a faculdade ainda ficava fora da Cidade Universitária. A proposta é criar um centro cultural para a comunidade local. Em 1994 o Grêmio tomou posse novamente do edifício, “pretendemos criar um ambiente de cultura, cultura digital, informações políticas, recreação e lazer para que a população possa desfrutar das atividades”, conclui o integrante do EP Vitor Susuki de Carvalho.

 
 
 

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