|
Nordestinos
são vítimas de preconceitos
O ministro
Francisco Graziano não teve intenção
de desqualificar os nordestinos, ao associar, numa frase infeliz,
a migração para as grandes cidades, como São
Paulo, à criminalidade. Certamente ele quis dizer que
a miséria estimula a violência e a migração,
em tempos de pouco emprego, é um ingrediente de degradação
urbana.
Mas o
preconceito entre determinado tipo de paulistanos contra os
nordestinos existe e, assim como o preconceito racial, não
é discutido nem assumido. Não são poucos
os que vêem os migrantes (assim como eram vistos imigrantes)
não como gente disposta a prosperar e trabalhar, mas
estorvos que geram pobreza e mesmo a violência. Crianças
paulistanas acostumam-se a ouvir o substantivo "baiano"
transformado em adjetivo genérico e negativo para os
nordestinos.
Há
um indício claro deste preconceito, graças em
larga medida ao próprio poder público. São
Paulo é a maior cidade nordestina do Brasil, mas até
hoje ( e quase ninguém nem sequer pensa no assunto)
imaginou-se um museu para contar a presença dos nordestinos,
ao contrário do que existe para italianos, espanhóis,
portugueses e judeus. Nas novelas, os personagens heróicos
de São Paulo são europeus, quase nunca ( para
não dizer nunca) brasileiros que migraram.
Fala-se,
e muito, na introdução nos currículos
escolares da questão africana para estudar o negro.
Justo, claro. Mas raras escolas estimulam seus professores
a discutir com os alunos a questão nordestina. Quando
ocorre, geralmente é pelo lado depreciativo, como a
pobreza das migrações.
Dá
para tentar começar a reparar o erro este ano, quando
a cidade se prepara para comemorar seus 450 anos.
|
|
|
Subir
|
|
|