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Dia 23.04.02

 

 

Analfabetismo funcional custa U$ 6 bi a empresas brasileiras

O analfabetismo funcional pode ser muito mais do que se costuma imaginar dentro das empresas brasileiras. "Ele significa a incapacidade da pessoa em compreender a palavra escrita", explica o professor Daniel Augusto Moreira, coordenador do mestrado em administração de empresas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) e professor convidado da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP.

Moreira está terminando um livro sobre o assunto e esta semana finalizou uma pesquisa inédita em uma importante companhia siderúrgica brasileira, com quase 6 mil funcionários, que comprova o quanto esta disfunção está presente nas empresas em nosso país. Dos 581 funcionários testados, pelo menos 110 acusaram alguma insuficiência na sua alfabetização funcional.

E este talvez seja um dos maiores problemas relacionados ao analfabetismo funcional. Gasta-se fortunas em treinamentos, que podem muito bem estar sendo subaproveitados pelos empregados, sem que os chefes se dêem conta do problema. No Brasil calcula-se, segundo Moreira, que a queda na produtividade provocada pela incidência de analfabetismo funcional, seja traduzida em uma perda equivalente a US$ 6 bilhões anuais.

Em tempo: estudo realizado em 1999, pelas agências americanas National Alliance of Business e National Institute for Literacy estimou que a deficiência de habilidades básicas dos empregados resultava em uma queda de produtividade, de US 60 bilhões.

Leia mais:
- As "perdas invisíveis" provocadas pelo analfabetismo funcional nas empresas

Leia também:
- Estudo mostra que no Brasil o índice é preocupante

 

 
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As "perdas invisíveis" provocadas pelo analfabetismo funcional nas empresas

Na hora de aprender um novo procedimento de trabalho, ele prefere sempre ouvir a explicação da boca de algum colega a ter que se debruçar sobre um manual. Na hora que o supervisor chega com as apostilas do treinamento, ele finge que entende, depois pergunta tudo de novo para os outros. O computador quase sempre costuma lhe causar calafrios. O melhor jeito que encontrou para sobreviver no mundo corporativo foi decorando instruções ou imitando o companheiro do lado.

As atitudes deste trabalhador fazem parte de um comportamento muito mais comum do que se costuma imaginar dentro das empresas brasileiras e identificam uma doença crônica no universo do trabalho, o analfabetismo funcional. "Ele significa a incapacidade da pessoa em compreender a palavra escrita. Ela consegue ler, mas não entende o que aquilo significa", explica o professor Daniel Augusto Moreira, coordenador do mestrado em administração de empresas da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) e professor convidado da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP.

Moreira está terminando um livro sobre o assunto e esta semana finalizou uma pesquisa inédita em uma importante companhia siderúrgica brasileira, com quase 6 mil funcionários, que comprova o quanto esta disfunção está presente nas empresas em nosso país. Dos 581 funcionários testados, pelo menos 110 acusaram alguma insuficiência na sua alfabetização funcional. "Provavelmente o rendimento deles em programas de treinamento deixará a desejar", explica o professor.

E este talvez seja um dos maiores problemas relacionados ao analfabetismo funcional. Gasta-se fortunas em treinamentos, que podem muito bem estar sendo subaproveitados pelos empregados, sem que os chefes se dêem conta do problema. "As pessoas procuram esconder suas deficiências a qualquer custo", diz Moreira. "Chegam a criar alguns vícios para sobreviver no trabalho e vivem inventando desculpas para não fazer algo que não compreendem".

O efeito psicológico dessa doença é tão devastador, que o analfabeto funcional pode até recusar uma promoção por não se sentir capaz de admitir que tem problemas em entender o que está fazendo. Para as empresas, as perdas podem ser enormes. "O fato do trabalhador não entender, por exemplo, um manual de informações, pode provocar um desestímulo, significar jogar tempo fora e causar uma queda na produtividade", diz o professor. São as chamadas "perdas invisíveis".

No Brasil calcula-se, segundo Moreira, que a queda na produtividade provocada pela incidência de analfabetismo funcional, seja traduzida em uma perda equivalente a US$ 6 bilhões anuais. Um estudo realizado em 1999, pelas agências americanas National Alliance of Business e National Institute for Literacy estimou que a deficiência de habilidades básicas dos empregados resultava em uma queda de produtividade, de US 60 bilhões.

A diferença do analfabeto funcional para o analfabeto clássico, segundo o professor, é que o primeiro sabe ler mas é despreparado para a vida na sociedade da palavra escrita. Pode-se considerar pertencentes a esse grupo também aqueles que possuem menos de quatro anos de escolarização. O professor diz que dentro deste universo existem 900 milhões de pessoas no mundo que não possuem habilidades de leitura, escrita e cálculo e, com isso, têm dificuldade em cumprir tarefas simples e corriqueiras da vida pessoal como entender sua conta de luz ou seguir um livro de receitas.

O conceito de analfabetismo funcional surgiu nos Estados Unidos em 1985, mas só ganhou popularidade em 1992, quando foi realizada uma pesquisa chamada "Young Adult Literacy Survey ", com 26 mil jovens. Posteriormente, foram realizados levantamentos em mais de 20 países.

Para começar a solucionar o problema, segundo o professor, a empresa em primeiro lugar precisa admitir que ele existe. "É preciso medir, ver quais grupos fazem o quê e classificá-los em vários níveis", diz. "Não adianta pedir mais para quem não pode ir além. Quem precisa de ajuda, deve ter o dobro de horas de treinamento, seu limite deve ser respeitado".

(Valor Econômico)

 

 
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Estudo mostra que no Brasil o índice é preocupante

No Brasil, 74% das pessoas teoricamente alfabetizadas ,não compreendem o que lêem e podem ser, genericamente, consideradas analfabetas funcionais. Apenas 26% dos brasileiros alfabetizados sabem exatamente o que estão lendo.

Esses dados preocupantes fazem parte de uma pesquisa realizada no final do ano passado em parceria pelo Instituto Paulo Montenegro (entidade criada pelo Ibope) e pela ONG Ação Educativa. O levantamento foi feito com base em questionários distribuidos a 2000 pessoas, com idades entre 16 e 64 anos, pertencentes a várias classes sociais. "Agora estamos aprofundando esse estudo para analisar o uso da leitura nos diversos ambientes ", diz o secretário-executivo do instituto, Fábio Montenegro.

A entidade também está se reunindo hoje com representantes do governo do estado do Rio de Janeiro, para discutir a realização de uma pesquisa estadual sobre o índice de analfabetismo funcional.

A intenção do Instituto também é sair a campo novamente até o fim do ano para realizar um novo estudo enfatizando, desta vez, as habilidades de cálculo da população brasileira. E, em 2003, retomar o estudo sobre a habilidade de ler e escrever, para que se possa comparar os novos dados com os coletados na primeira pesquisa.

(Valor Econômico)

 

 
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