Eles
respondem por 28% da poluição; carros a álcool
poluem até mais que os automóveis movidos a
gasolina
Caminhões, ônibus e caminhonetes a diesel são
responsáveis por 28% das emissões de partículas
nocivas à saúde na Região Metropolitana
de São Paulo. A estimativa é de que 6% da frota
não respeite as normas da Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (Cetesb). Como o Estado mostrou ontem,
a poluição de veículos cresce 5% ao ano
na capital paulista.
Diferentemente do que o senso comum leva a crer, os carros
a álcool não são assim tão verdes.
Pelo contrário - eles poluem tanto, ou até mais,
do que um veículo que utiliza gasolina. De acordo com
estudos da Cetesb, com base nos índices de poluição
de 2006, o tubo de escapamento de um carro a gasolina lança
na atmosfera 10,8 gramas de monóxido de carbono (CO),
1,12 grama de hidrocarboneto (HC) e 0,74 grama de óxidos
de nitrogênio (NOx) a cada quilômetro rodado.
Já o carro a álcool lança, no mesmo quilômetro,
19,8 gramas de monóxido de carbono, 2,12 gramas de
hidrocarboneto e 1,28 grama de óxidos de nitrogênio.
Nem só o motor e o combustível determinam a
emissão de poluentes por veículos. Eles são
gerados a partir de um conjunto de quase todos os componentes
dos carros - por isso, a tecnologia dos novos veículos,
a gasolina ou álcool, ajuda a reduzir essa emissão.
O diesel dos caminhões, ao contrário, continua
sendo o grande vilão de São Paulo. Só
de óxidos de nitrogênio, são 10,53 gramas
a cada quilômetro percorrido.
Altos níveis de CO estão associados a prejuízo
dos reflexos, da capacidade de estimar intervalos de tempo
e no aprendizado. Causa alterações no sistema
cardiovascular e pode levar à morte por asfixia. Diversos
hidrocarbonetos como o benzeno são cancerígenos,
não havendo uma concentração ambiente
totalmente segura. Já os óxidos de nitrogênio
aumentam a sensibilidade à asma e à bronquite.
A boa notícia para os proprietários de um carro
a álcool é que ele quase não emite óxidos
de enxofre e material particulado, os outros dois poluentes
mais perigosos no ar de São Paulo. “O álcool
não é menos poluente do que a gasolina, isso
é quase que um mito. Mas os carros flex, que utilizam
os dois combustíveis, acabam tendo performance melhor
e emitem menos compostos”, diz Adalgisa Fornaro, professora
de Climatologia da Universidade de São Paulo, que estuda
os efeitos da poluição na chuva e na vegetação.
“O grande vilão, no entanto, continua sendo o
diesel.”
São Paulo conta com uma frota registrada de aproximadamente
7,3 milhões de veículos, segundo dados da Cetesb,
sendo 6,9 milhões a gasolina ou álcool e 430
mil movidos a diesel. Toda esse trânsito é responsável
por cerca de 97% das emissões de monóxido de
carbono, 97% de hidrocarbonetos, 96% de óxidos de nitrogênio,
40% de material particulado e 35% de óxidos de enxofre.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), o Brasil é o único país que conta
com uma frota veicular que utiliza etanol em larga escala.
Atualmente, os veículos movidos a esse combustível
são 12,3% da frota e os movidos a gasolina (mistura
22% de etanol e 78% de gasolina) beiram a casa dos 65%. Os
carros bicombustíveis já correspondem a 6,1%.
O problema é que uma grande fatia da frota ainda é
antiga, anterior a 1996, o que causa uma queima pior do combustível
e um lançamento maior de poluentes. R.B
Números
28% das emissões
de partículas nocivas são de caminhões,
ônibus e caminhonetes a diesel
6% da frota
a diesel não respeita as normas ambientais exigidas
pela Cetesb
7,3 milhões
é a frota de veículos registrados, segundo a
Cetesb, sendo 6,9 milhões movidos a gasolina ou álcool
e 430 mil, a diesel
65% dos veículos
são movidos a gasolina, que contém 22% de etanol
em sua composição. Carros bicombustível
já representam 6%
O Estado de S.Paulo.
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