construção
03/12/2007

Boom imobiliário puxa outros itens

Fabricantes de móveis e de materiais de construção em geral comemoram crescimento de até 30% nas vendas


O boom do mercado imobiliário brasileiro desencadeou uma onda de crescimento que se espalha por vários segmentos que produzem e vendem itens básicos para moradia.

Fabricantes de móveis, de interruptores de luz, tomadas, torneiras e revendas de materiais de construção, por exemplo, já comemoram o crescimento de até 30% nas vendas neste ano na comparação com 2006 e se preparam para um desempenho ainda melhor em 2008. É que a grande massa de lançamentos residenciais dos últimos meses deve virar efetivamente moradia a partir de meados do ano que vem.

Só em outubro foram lançados na Região Metropolitana de São Paulo 67 empreendimentos residenciais, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). São mais de dois lançamentos por dia. Em número de unidades, foram lançadas 8.850 moradias num único mês. “Esse volume mensal de unidades é o maior desde 1985”, afirma o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia. De janeiro a outubro, foram 420 lançamentos de empreendimentos residenciais na região, quase o mesmo número acumulado no ano inteiro de 2001. “Em novembro, o volume de lançamentos deve ter sido maior ainda.”

A Esteves & Cia Ltda, fabricante de torneira, sifão e outros itens básicos de instalações hidráulicas, já registra crescimento de 30% nas vendas este ano. “A última vez que tivemos um crescimento tão expressivo foi na época do Plano Cruzado, em 1986”, compara o diretor Comercial, Ricardo Chiurco. Até o ano passado, o mercado estava recessivo, pondera o executivo que prevê para 2008 ampliar os negócios em 20%.

As vendas voltadas para as construtoras são as que estão puxando o crescimento, mas o mercado de reposição também está aquecido, observa o diretor. “A mudança de uma família para uma casa nova gera uma reforma num imóvel antigo. Nesse mercado tudo gira.” Hoje a companhia usa 70% da capacidade da fábrica, que fica na zona leste de São Paulo. De olho no crescimento esperado para o ano que vem, a empresa planeja investir na compra de máquinas e na contratação de 200 trabalhadores.

A Schneider Electric, que produz interruptores de luz e tomadas, por exemplo, é outra indústria que comemora o começo da euforia imobiliária iniciada em 2006. Neste ano, a empresa já ocupa 80% da capacidade de produção da fábrica em Jurubatuba (SP), trabalha em dois turnos em algumas linhas e contratou 50 trabalhadores.

Para 2008, a perspectiva é ampliar em 15% a capacidade de produção com a compra de máquinas. “Se o crescimento continuar nesse ritmo, não vamos reduzir os turnos de trabalho”, prevê o diretor da divisão de interruptores, Sérgio Vasconcellos Lima. Ele observa que o forte ritmo atual de lançamentos de imóveis deve ter impacto positivo no seu mercado nos próximos dois anos.

“As nossas vendas estão muitos aceleradas neste ano, e esse ritmo vai se manter em 2008”, afirma Ronaldo Marcolin, diretor Comercial da Única, fabricante de móveis sob medida, dona das marcas Dell Anno, Favorita e Telasul Madeira. Uma das três maiores indústrias de móveis planejados, com mais de 300 lojas espalhadas pelo País, a empresa deve fechar o ano com vendas de R$ 200 milhões, 25% a mais que em 2006. “Este será o nosso melhor desempenho em quatro anos”, diz o executivo, que prevê crescimento de 30% para 2008.

Marcolin acredita que o boom do mercado imobiliário contribuiu diretamente para o resultado, mas pondera que a empresa também trabalhou para isso. Em agosto deste ano, por exemplo, a companhia lançou a terceira marca de móveis planejados, Telasul Madeira, para as classes de menor renda. A decisão foi tomada olhando para as condições de financiamento mais acessíveis para a população mais pobre, que agora poderá se livrar do aluguel, diz o diretor. Ele acrescenta que o bom desempenho de vendas da marca de preço intermediário, a Favorita, que cresceu 75% este ano, levou a companhia a apostar de forma mais firme na baixa renda.

De acordo com o diretor, há 60 dias a fábrica de Bento Gonçalves (RS) funciona em três turnos. Também foram contratados 90 funcionários, e o uso da capacidade instalada está próximo do limite. Para dar conta da demanda crescente, a empresa já programou ampliar em 50% da área de produção, investimento que deve ser concluído em abril de 2008.

Lojas
O varejo de materiais de construção confirma o aquecimento das vendas provocado pela compra de novas moradias. A Dicico, por exemplo, vai fechar o ano com crescimento de 10% a 12% no faturamento em relação a 2006, considerando as mesmas lojas. Com abertura de 14 pontos-de-venda neste ano, o acréscimo será de 40%, diz o diretor de Marketing, Carlos Roberto Corazzin. “Este será o melhor ano desde 1999. E o desempenho de 2008 será melhor ainda.”

Nessa previsão, ele considera que as moradias lançadas hoje serão entregues nos próximos 18 meses . Além disso, existe uma forte intenção de personalizar a habitação.

O presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Cláudio Conz, diz que pesquisas mostram que 70% dos moradores que vão habitar pela primeira vez uma casa nova fazem questão de personalizá-la, especialmente entre as camadas de menor renda.

Márcia De Chiara
O Estado de S.Paulo

   
 
   
 

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