arte
16/08/2007

A cidade não é feia. Basta alterar o modo de olhar

Heitor Augusto



É equivocada a noção de que a cidade é feia e precisa ser embelezada. Nosso olhar está acostumado a observar São Paulo com uma lente angular – que dá uma visão panorâmica, mas não percebe as particularidades. Mais importante que “feio” e “bonito” é a população interagir com a cidade.

Essa é a conclusão a que chegaram um artista plástico, um fotógrafo e um designer que se reuniram terça-feira, 14, no Sesc Pinheiros para discutir como o intelectual pode intervir na formação de um olhar positivo na cena urbana.

Chamar um artista para intervir na cidade não é garantia de bom gosto. “A melhor da criatividade artística não vem da galeria, mas do povo”, afirma Marcello Dantas, curador e designer de exposições. Enxergar a poética de São Paulo em detalhes do cotidiano é um dos objetivos do fotógrafo Iatã Canabrava, autor do trabalho “Uma outra cidade”. Nele, Canabrava retrata particularidades do cotidiano da periferia: carros velhos, costas tatuadas, músicos, jovens grávidas, muros grafitados. “Mau gosto impera em todas as camadas sociais, assim como imperam fórmulas do caótico que geram imagens incríveis”.

O ponto principal na reflexão ao olhar São Paulo não é classifica-la como bonita ou feia, mas fazer com que a população sinta-se pertencida à cidade. “A questão é fazer como as pessoas vivam a cidade, não só passear por ela. A percepção de interagir é o mais importante”, avalia Danilo Oliveira, curador da exposição “A conquista do espaço – novas formas da arte de rua”, em cartaz no Sesc Pinheiros.

Lei Cidade Limpa
Nenhum dos três artistas contestou que a Lei Cidade Limpa ajudou a população a perceber fachadas que há muito estavam escondidas. Mas, quando a discussão é sobre a intensidade das medidas tomadas pelo poder público, a concordância de opiniões sai da paisagem do debate.

“Ela é importante porque fez com que o debate fosse levantado. Há dois anos, seria impensável nos imaginarmos falando sobre tirar outdoors da cidade”, afirma Dantas. O fotógrafo Iatã discorda da intensidade da restrição. “Sou contra qualquer radicalismo”. Daniel, que além de curador é integrante desse grupo de artistas, intitulado de Base-V, protesta contra as manifestações de arte pública que foram afetadas pela Cidade Limpa. “Os muros com grafites também estão sendo cobertos”.

   
 
   
 

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