.
              
 
HOME | COLUNAS | SÓ SÃO PAULO | COMUNIDADE | CIDADÃO JORNALISTA | QUEM SOMOS
 
 

fundação seade
16/12/2004
Cidades paulistas estão mais pobres, apesar de bons indicadores sociais

SÃO PAULO - Os municípios paulistas estão mais pobres, apesar de apresentarem melhora em indicadores sociais. Segundo uma pesquisa da Fundação Seade, encomendada pela Assembléia Legislativa de São Paulo, o indicador de riqueza municipal caiu 18% entre 2000 e 2002 (último dado disponível), resultado do racionamento de energia elétrica em 2001 e da diminuição do rendimento médio dos assalariados. Marília, Presidente Prudente e Registro foram as regiões consideradas mais pobres. Perderam pontuação Ribeirão Preto e Araçatuba. De acordo com o levantamento, não conseguiram avançar nada em riqueza Sorocaba, cidades do Pontal do Paranapanema e algumas regiões do Vale do Paraíba, como Paraibuna, São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra.

As regiões mais bem posicionadas nesse ranking foram as situadas no eixo das rodovias Anhangüera e Presidente Dutra. Os dez melhores municípios no indicador de riqueza foram São Sebastião, Bertioga, Águas de São Pedro, Santos, Campos do Jordão, Barueri, Guarujá, Ilhabela, São Caetano do Sul e Vinhedo. No ano 2000, essas cidades já estavam entre os 21 melhores, com São Sebastião também em primeiro lugar no ranking por causa do porto e das plataformas da Petrobras instaladas no mar. Esse índice de riqueza levou em consideração, é claro, o número de pessoas que residem na região. Os dados também levaram em conta os indicadores sociais, que segundo o diretor de análise da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira, apresentaram bons resultados em todo o estado.

"O crescimento econômico no período foi pouco significativo em praticamente todas as regiões do estado, mas houve melhoras nos indicadores sociais, com progressos na escolaridade da população e redução no índice de mortalidade infantil", disse Ferreira.

A taxa de mortalidade infantil diminuiu aproximadamente 9% entre 2000 e 2002, passando de 16,8 para 15,3 por mil nascidos vivos. Em 2002, o índice observado no Brasil era 27,8 mortes por mil nascidos vivos, quase o dobro da taxa do estado. A taxa de mortalidade de pessoas entre 15 e 39 anos (por mil habitantes) passou de 2,2 para 2, reflexo da diminuição dos homicídios e, principalmente, da mortalidade por Aids.

Segundo a pesquisa, também houve bom desempenho dos indicadores de cobertura do Ensino Fundamental e da educação infantil, mas o Ensino Médio deixa a desejar. A proporção de jovens de 15 a 17 anos de idade que concluíram o Ensino Fundamental (1ª a 8ª séries) cresceu de 60,5% para 68,1%. A proporção de crianças de 5 a 6 anos freqüentando a pré-escola aumentou de 59,7% para 75,1%. O percentual de jovens de 18 a 19 anos de idade com Ensino Médio completo ainda é inferior a 40%, embora tenha aumentado no período de 34,7% para 37,7%.

"A qualidade das políticas públicas melhorou. Houve melhor direcionamento dos recursos e as verbas foram utilizadas de forma mais adequada. Todas as regiões melhoraram em escolaridade e longevidade, uns mais do que os outros, é claro, mas houve melhora", disse o diretor da Fundação Seade.

Os dez melhores municípios no indicador de escolaridade foram São Caetano do Sul, Adamantina, Auriflama, Americana, Tupi Paulista, Américo de Campos, Santos, Turiúba, Pompéia e Rubiácea. Já no item longevidade os "mais mais", apesar de não fazerem parte das cidades mais ricas do estado, foram Santa Salete, Mendonça, Aspásia, Oscar Bressane, Pedranópolis, São João do Pau d'Alho, Nova Canaã Paulista, Cruzália, Três Fronteiras e Estrela do Norte.

A região metropolitana de São Paulo, composta por 39 municípios, tem um bom índice de riqueza e acaba atraindo muita gente à procura de emprego. Mas não tem, necessariamente, condições de resolver os problemas sociais da população. Na Baixada Santista, os municípios, embora com níveis de riqueza elevados, também não exibem bons indicadores sociais. Ferreira explicou que a exceção é a região de Campinas, onde os 90 municípios têm elevado nível de riqueza e bons indicadores sociais. As regiões de Araçatuba (que tem 43 municípios), central (26 municípios) e de São José do Rio Preto (96 municípios) têm grande número de cidades com nível baixo de riqueza, mas com bons indicadores.

"As regiões metropolitanas, geralmente, apresentam bons índices de riqueza, mas não tem resultados sociais satisfatórios. Na região metropolitana de São Paulo, as cidades de Ferraz de Vasconcelos, Caieiras, Francisco Morato e Franco da Rocha são muito pobres e puxam os índices de longevidade e escolaridade para baixo. Cotia, por exemplo, onde está a Granja Viana e seus vários condomínios de luxo, é um municípios considerado rico, mas com indicadores sociais péssimos. O oposto só ocorre no ABC, em São Paulo e em Barueri, onde está Alphaville. Nessas regiões, há riqueza e bons níveis de escolaridade", afirmou Ferreira.

De acordo com a pesquisa, a região de Barretos, que soma 19 municípios, apresenta grande número de cidades com baixo patamares de riqueza e nível intermediário de longevidade e escolaridade. Na região de Sorocaba, há uma grande concentração de municípios (37% dos 79 municípios) em situação desfavorável, com baixa riqueza e baixos indicadores sociais. Os municípios de Bauru (39), Franca e Registro também apresentam um grande número de cidades com baixos índices de riqueza e nível intermediário ou mesmo muito pequeno de escolaridade.

O diretor da Fundação Seade disse que o Estado de São Paulo tem perdido participação no PIB per capita (divisão do valor do Produto Interno Bruto por habitante), mas deve se recuperar daqui para a frente. Ele comentou que a economia brasileiro tem crescido muito por conta da exportação, beneficiando estados como o Rio de Janeiro, onde está a Petrobras, Minas Gerais, onde estão as indústrias de mineração, e a região centro-oeste, que concentra a produção de soja. Ferreira afirmou que o estado de São Paulo, ao contrário, perdeu renda com o desaquecimento do mercado interno no país.

WAGNER GOMES
do Globo Online

   
 
 
 

NOTÍCIAS ANteriores
16 /12/2004
Internos da Febem fazem vestibular e chegam à faculdade
16 /12/2004
Bolsa-Família obtém US$ 1 bi no BID
16 /12/2004
Poderes assinam pacto para destravar Justiça
15 /12/2004
Prédio a ser desapropriado abriga escola
15 /12/2004
Campo Formoso leva prêmio de alfabetização
15 /12/2004 ONGs se mobilizam para combater o racismo
15 /12/2004
UFRJ triplicará recursos para bolsistas em 2005
15 /12/2004 Governo precisa melhorar política social, afirma Ipea
14 /12/2004
Veto a cotas no Paraná é suspenso
14 /12/2004 Campanha estimula doação de recursos para FIA