IDEB
22/06/2007

Entrevista com a diretora da escola paulista mais bem avaliada pelo Ideb

João Batista Jr.


“Na verdade, não existe nenhuma fórmula. Existem alunos interessados e professores com vontade de trabalhar”. A frase de Milena Prandi serve para descrever o sucesso da escola que dirige, a Emef Professora Helena Borsetti, localizada em São Lourenço do Turvo, no distrito de Matão.

Com 302 alunos de 6 a 14 anos, a escola obteve a maior nota do Estado de São Paulo pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) na avaliação dos alunos de 4ª série: 7,3 – de acordo com o Ministério da Educação, 6 é o índice desejável. No entanto, apenas 0,59% das escolas de 1ª a 4ª séries conseguiram nota igual ou superior ao número almejado pelo MEC.

“A comunidade é muito presente nas ações da escola, principalmente os pais. Pelo fato de o distrito ser pequeno (cerca de 3.000 habitantes), todos se conhecem. Aqui, na escola, existe uma relação familiar”.

Mesmo sem curso de teatro, sem estar próxima de um grande centro urbano, sem acesso à internet, sem laboratório de ciências e sem infra-estrutura para a prática de várias modalidades de esporte, a escola de Matão é a mais bem avaliada do Estado de São Paulo. Segundo a diretora da entidade, o sucesso é resultado de parceria entre alunos e professores: uns querem aprender, e outros, ensinar.

Formada em pedagogia, com especialização em psicopedagogia, Prandi se mostra orgulhosa pelo trabalho desenvolvido na Emef Professora Borsetti. Confira entrevista com a diretora, que conta um pouco mais da parceria entre alunos, professores e comunidade.

Qual o diferencial da escola?
Na verdade, não existe nenhuma fórmula. Existem alunos interessados e professores com vontade de trabalhar. Aqui cada sala tem, no máximo, 20 alunos; não aceitamos mais que isso. Outro ponto interessante é que levamos os alunos a conhecer lugares que complementem a aula do professor, como museus de paleontologia e planetário. São atividades extras que complementam as lições dadas em sala.

A escola tem acesso à internet?
Apenas na secretaria. Não temos recursos para dar aula de informática. Eu sei que o computador é uma ferramenta importante, mas não é fundamental. O instrumento fundamental é o professor. Ele pode trabalhar de forma criativa sem usar a tecnologia.

Como se dá a criatividade?
Nós procuramos trazer as nossas aulas mais para o concreto mesmo. O aluno tem uma aula sobre mamíferos, então levamos a classe até uma propriedade para ver os animais. Trabalhamos com o concreto. O mesmo vale para a matemática: levamos a classe para medir o perímetro dos canteiros e descobrir quantas covas se podem fazer para plantar. Nós acreditamos mais na dinâmica do concreto do que na dinâmica da tecnologia. A tecnologia é importante, mas, como não temos acesso a ela, não podemos deixar de trabalhar.

A escola fica aberta nos fins de semana?
Abre para os cursos de catequese, as aulas dadas pela Igreja são realizadas no prédio da escola.

Vocês assinam jornais e revistas?
Nós não temos assinaturas de revistas ou jornais. Temos acesso a esse tipo de material somente por meio de pessoas da cidade que doam seus exemplares após a leitura.

A biblioteca é bem equipada?
Contamos com cerca de mil títulos, mais as doações da comunidade.

Existe participação dos pais na gestão da escola?
A comunidade é muito presente nas ações da escola, principalmente os pais. Pelo fato de o distrito ser pequeno [cerca de 3.000 habitantes], todos se conhecem. Aqui, na escola, existe uma relação familiar entre todos.

Existe alguma capacitação dos professores?
Todo ano a prefeitura dá cursos para capacitar o professor em sua área de atuação, o que é muito importante para eles se manterem atualizados.


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