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Cidadania

29/08/2006

Empresas promovem inclusão via artes

Ensino "artístico" pode desfrutar de benefícios fiscais voltados a atividades culturais, como os previstos na Lei Rouanet

Aulas de música tornam-se instrumento de capacitação profissional e socialização; para deficientes, dança ajuda desenvolvimento


O ensino de atividades artísticas, amparado numa rede de atendimento, funciona como um meio de inclusão social. Para apoiá-los, as empresas podem usar benefícios fiscais como a Lei Rouanet, que permite abatimento de até 4% no Imposto de Renda, para pessoas jurídicas, dos valores doados a projetos culturais. Conforme a doação e o IR devido, o patrocínio pode sair "de graça".

Instituto Baccarelli, na favela de Heliópolis, e Meninos do Morumbi, presente em sete favelas da zona sul paulistana, ambos mantidos por grandes empresas e voltados a crianças e adolescentes carentes, são exemplos de como aulas de música se convertem em instrumentos para estimular a freqüência e o bom rendimento escolar e podem criar uma opção de carreira profissional.

Além, naturalmente, de despertar a sensibilidade artística e a capacidade de expressão, resultando em elevação da auto-estima, e reforçar o sentido de socialização -embora voltados a carentes, os dois projetos aceitam jovens de fora da comunidade a fim de evitar estigmatização e "guetização".

"Quando começamos, as escolas nos mandaram os alunos mais problemáticos", diz Edmilson Venturelli, diretor do Baccarelli, que cobra dos jovens performance na escola para permanecer no programa.

Com orçamento de R$ 2,1 milhões canalizado por companhias como a Petrobras e o Banco VW e os benefícios oferecidos pela Lei Rouanet, o instituto aposta em educação profissionalizante: os alunos são capacitados para trabalhar em orquestras. O programa do Baccarelli é desenvolvido em três etapas, cada um com orçamento e patrocinador próprios, e atende a cerca de 500 jovens.

O contato das crianças com a música acontece no coral. Daí os adolescentes seguem para a Orquestra do Amanhã, na qual aprendem a tocar um instrumento. Na Sinfônica Heliópolis, recebem educação musical sofisticada, com professores especializados. O maior aporte é de R$ 1,1 milhão, da Petrobras, para a orquestra. "As empresas precisam acreditar mais no incentivo à cultura e lembrar que eles dão ganhos na tesouraria. Acho que temem chamar a atenção do fisco", diz.

Sandra Faria, superintendente da Fundação Abrinq, avalia que as artes desempenham papel importante em situações de exclusão porque podem significar uma forma de trabalho, como no caso do Baccarelli, ou uma ponte para a inserção em novas relações.

Esse "anzol" é adotado pela Meninos do Morumbi, parceira de empresas como Pão de Açúcar, AMD, Nestlé e Sadia. A ONG oferece, além das oficinas de música e dança, cursos de inglês e informática. "Fisgados" pela música, os jovens têm acesso a programas como o Meninos do Linux, que dá treinamento em software livre.
Já a ONG Avape adota atividades artísticas para estimular o desenvolvimento e a auto-estima de pessoas com deficiência mental ou física. O Avape na Dança assiste um grupo de 650 participantes, a maioria jovens, com R$ 300 mil doados, via Lei Rouanet, pela Visteon.

Juliana Garçon
Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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