emprego
30/10/2007

Professor em SP se aposenta antes do que em país desenvolvido

Estudo mostra que, em média, o profissional da rede estadual se afasta aos 52 anos, idade inferior à de 11 países

Pesquisador afirma que saída precoce sobrecarrega folha de pagamento; educadores citam perda de experiência nas escolas


Os professores da rede estadual de São Paulo se aposentam mais cedo do que os docentes de países desenvolvidos, de acordo com pesquisa apresentada ontem em um seminário na faculdade Ibmec São Paulo.

Segundo o levantamento do professores da FGV-RJ Samuel Pessôa e Fernando de Holanda Barbosa Filho, os docentes do sistema paulista se aposentam, em média, aos 52 anos.

O número é inferior ao dos 11 países da OCDE (entidade que reúne os países desenvolvidos) que possuem dados disponíveis. Noruega, França, Itália e Holanda têm as médias de idade mais altas (passam dos 60).

A análise da folha de pagamento da rede estadual paulista deste ano foi feita a pedido do Ibmec, Instituto Futuro Brasil, Fundação Lemann e Gerdau para o seminário "Gastos com Educação - Um Reflexo da Gestão e da Legislação".

"O Estado precisa repor os professores precocemente e ainda pagar as aposentadorias. Não há sistema que consiga ser solvente com esses parâmetros", afirmou Pessôa.

O estudo mostra que a Secretaria da Educação gasta, mensalmente, R$ 354,7 milhões com os professores ativos e R$ 190,9 milhões com os inativos.

A despesa com os aposentados foi um dos argumentos usados pelo governador José Serra (PSDB) para explicar o porquê de o Estado possuir apenas o 10º melhor salário inicial do país para docentes, conforme a Folha revelou neste mês.

Experiência
"52 anos é cedo para se aposentar. É uma idade que o professor tem muito a contribuir para as escolas", disse Célio da Cunha, assessor especial da Unesco no Brasil.

"Mas esse não é um problema só dos professores. Em geral, aposenta-se cedo no Brasil", completou Cunha.

Segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apresentados em julho, os brasileiros se aposentam, em média, aos 55 anos, número superior ao dos docentes.

"As condições dos professores são tão precárias que, assim que podem, se aposentam", disse o professor da Faculdade de Educação da USP José Augusto Dias. "Deveria haver estímulos para que eles permanecessem trabalhando, para não perdermos essa experiência."

O presidente da Apeoesp (sindicato dos professores da rede estadual), Carlos Ramiro de Castro, também cita as condições de trabalho como explicação. "Com classe superlotada, jornada tripla, o professor chega aos 50 anos muito desgastado", disse Castro. "Nos outros países comparados, as condições são melhores."

O sindicalista concorda, porém, que a média de idade para aposentadoria na rede é baixa. "O governo deveria criar políticas para incentivar que esses professores permanecessem na rede, talvez diminuindo a carga horária na sala de aula e transferindo-a para funções de coordenação ou orientação."

A secretaria da Educação afirmou que os docentes, a qualquer momento da carreira, podem entrar na seleção para professores-coordenadores.

A pasta disse ainda que não há projeto para tentar estender a permanência do professor na rede -os qüinqüênios (reajuste a cada cinco anos), afirma, já são um atrativo para o professor continuar na ativa.

Outra conclusão do estudo é que os professores aposentados ganham, em média, mais do que os da ativa: R$ 1.541 ante R$ 1.461. Segundo a secretaria, a explicação para esse fato é que os aposentados acumulam mais benefícios (como os qüinqüênios) do que os iniciantes.

Fábio Takahashi
Folha de S.Paulo.

   
 
   
 

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