A
praça é nossa
Advogado e ambientalista, Paulo Roberto
Rebocho criou, em São Paulo, um inusitado hobby, aliviando
o estresse: adotar praças.
O hobby
começou há três anos, provocado, involuntariamente,
pela morte de sua mãe, a jornalista Débora Rebocho
-uma praça ganhou seu nome.
Numa homenagem
à mãe, Paulo Roberto dispôs-se a cuidar
daquele pequena espaço, mantendo a limpeza, aparando
a grama e bancando um projeto paisagístico. Tudo com
seus próprios recursos.
Ele gostou
do impacto de sua intervenção e, desde então,
conseguiu autorização da prefeitura para cuidar
de mais praças em regiões nobres da cidade de
São Paulo. Ao todo, agora, são seis.
Viu, na
prática, o princípio da chamada tolerância
zero, lançado em Nova York -quando se cuida da cidade,
transmitindo a sensação de ordem, os delitos
caem. "Com a limpeza e ordem desses espaços, a
segurança também veio", afirma Paulo Roberto,
que gasta apenas R$ 1.000 por mês para manter as seis
praças.
Esse mesmo
princípio é testado no vale do Anhangabaú,
um dos cartões postais da cidade. Os jardins foram
recuperados pela Associação Viva o Centro, uma
associação privada cuja missão é
recuperar a região central, e pela empresa Votorantin,
do empresário Antonio Ermírio de Moraes; o escritório
de Antonio Ermírio é localizado em frente a
praça Ramos, grudada ao Teatro Municipal.
Esses
espaços exalavam odor de urina, fezes, habitado por
mendigos, com lixo nas gramas. Usadas como banheiros públicos,
as fontes foram iluminadas e funcionam.
"Como
estão limpos e organizados, esses espaços inspiram
segurança e passa a sensação para o delinquente
de que não é aconselhável cometer um
delito por ali", afirma Marco Antonio Ramos de Almeida,
responsável pelo Viva o Centro.
Não
apenas é mais barato como mais eficiente, o envolvimento
dos
moradores, participando da preservação da paisagem
dos lugares em que vivem ou trabalham. Tornam-se os fiscais
e, muitas vezes, em parceria com o poder público.
Um dos
homens mais ricos do Brasil, o empresário Antonio Ermírio
de Moraes fiscaliza, pessoalmente, os jardins da praça
Ramos. "Notei que as pessoas pararem de pisar na grama",
diz.
Uma decisão
em Nova York recebe elogios unânimes. Um dos mais conhecidos
cartões postais da cidade, o Central Park, não
é administrado pela prefeitura, mas por uma empresa
privada - essa empresa privada é bancada por uma associação
mantida com recursos de seus sócios.
Segundo
recente reportagem do "The New York Times", o Central
Park nunca esteve tão limpo, preservado, bonito e seguro.
Os milhares de associados do Central Park são os primeiros
a denunciar algum problema e chamar a atenção
de quem joga papel ou deixa o cachorro fazer cocô -um
crime que custa uma multa de R$ 200.
Em Salvador,
o poder público trata de localizar empresas próximas
das praças e oferece o patrocínio, desde que
se disponham a bancar a preservação. Em Fortaleza,
o jornal "O Povo", a Escola Técnica Federal
e o Sebrae não apenas adotaram uma praça, mas
resolveram transformá-la numa escola a céu aberto.
Jovens recebem aulas de teatro, xadrez e música.
A tendência
se propaga em São Paulo, graças a pessoas como
o advogado Paulo Roberto, mas ao marketing social, autorizados
a colocar uma pequena placa nas praças e canteiros.
Na região da avenida Brasil, espaço nobre em
São Paulo, a iniciativa privada está envolvida
na recuperação de seis praças, 28 canteiros
centrais e 12 laterais.
Ligar
a imagem da empresa à preservação da
paisagem, numa cidade tão destruída, serve como
exemplo de parceria -e também como melhorar os negócios.
.
Leia
mais:
Advogado
faz sucesso adotando praças públicas
Empresários
adotam praças públicas em SP
Por
conta dos moradores
|
|
|
Subir
|
|
|