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Leia
repercussão da coluna: Brasil
do Dr. Lula
Caro
Gilberto Dimenstein:
É
bastante positivo, sem sombra de dúvida, que
a procura por uma melhor educação seja
hoje uma tendência forte em nossa população.
E é também muito bom que esta tendência
não se limite aos mais jovens, porém atinja
também aos adultos e, até mesmo, aos idosos.
Mas, sinceramente, sou da opinião de que a melhora
do nível educacional de nossa população,
ao menos neste momento, é menos importante para
o país do que a retomada do desenvolvimento econômico.
Isto,
é claro, não quer dizer que eu considere
ambos os fatores mutuamente excludentes, longe disto;
porém creio sim que apenas o incremento de nossos
patamares educacionais não surtirá efeitos
grandemente benéficos se não for acompanhada
de reais mudanças na super-estrutura econômica
e social brasileira.
O
saudoso professor Milton Santos, nosso grande geógrafo,
já alertava para isto em seus anos finais de
vida: de pouco adiantará as pessoas em nosso
país passarem mais anos na escola e se tornarem
mais instruídas caso não volte a se instalar
um círculo virtuoso de crescimento do PIB e,
principalmente, de redistribuição de rendas
e riquezas dentre nós. Se é verdade que
existem países que possuem na elevada qualificação
de sua população seu principal ativo,
sua principal vantagem competitiva - Japão ou
Israel, por exemplo -, existem outros que, por terem
feito escolhas econômicas e políticas erradas
nas últimas décadas, estão mergulhados
na pobreza, mesmo tendo populações extremamente
cultas e sofisticadas.
Veja
o exemplo de nossos bem-instruídos porém
falidos vizinhos, os argentinos.
Pensemos
sobre isto.
Um
abraço,
Alex
Ricciardi.
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