Leia
repercussão da coluna: A
menina que dá aula para o Brasil
Gilberto
Dimenstein
Ao
ler seu artigo lembrei de um fato que nunca foi noticiado
pela imprensa. Um professor de Processamento de Dados
quando lecionava numa escola particular de Osasco na
Vila dos Remédios fez em 1988 uma doação
para a referida escola de 8 micros TK's (algo em torno
de US$ 900,00 + / -).
Em
1990 a escola se propôs a ativar o laborátorio
com os referidos micros (sob alguns aspectos já
poderiam ser ultrapassados os referidos micros, mas
quando não há recursos procura-se o menor
custo com o maior benefício). Esse professor
só tinha 2 aulas semanais, de 90 minutos, com
os alunos do 3º. ano do Curso Técnico de
Contabilidade.
Simplesmente
adotou a estratégia de dar os conceitos básicos
aos seus 32 alunos no primeiro mês de aula. Após
os conceitos básicos e com o manual de instrução
programada que acompanhava o referido micro, dividia
a turma em dois grupos ou seja: enquanto um grupo de
16 alunos ficavam no laboratório (2 alunos por
micro) os outros ficavam na sala de aula absorvendo
a teoria que era a base de sua
formação, pois como dizia Kurt Lewin :
"Não há nada melhor do que uma boa
teoria".
E
assim foi o primeiro semestre.
No
retorno as aulas no segundo semestre o professor teve
uma agradável surpresa, 8 de seus alunos, alguns
em parceria, tinham adquirido micros Apples de segunda
mão e traziam para a sala de aula programas em
linguagem Basic que lhes era ministrada por esse mestre,
para que fizesse algumas correções e ajustes
nos seus programas.
O
mestre ficou sabendo que nos finais de semana eles se
reuniam em grupos para se aperfeiçoar totalizando
nada mais nada menos do que 14 alunos. Uns dos pontos
mais importantes, Dimenstein, é que foi desenvolvido
o conceito de que todos são capazes basta apenas
ler e entender e quando não entendem que perguntem
para poder aprender.
Realizações
como essas talvez existam aos montes pelo país,
mas muitas Vezes não são noticiadas.
Este
é um exemplo de atitude simplista e com foco
altamente profissional. Há! o nosso atraso como
país é nosso (veja a data acima 1988).
É pura incompetência e generalizada.
Você
já desenvolveu algo novo e tentou implementar
neste país? Tente e verifique o descrédito
que dão à você. Oportunidade : não
conhecem essa palavra. Aliás como ou onde estão
os livros de instrução programada no país?
Existem? São usados na escola pública/privada
em sua plenitude ou ainda se dita a matéria para
os alunos copiarem?
Nosso
problema está na FORMAÇÃO HUMANA
do país pois o resto é conseqüência.
Não os que não tem oportunidades mas,
principalmente, daqueles que deveriam gerar essas oportunidades.
No campo econômico cito o Atlas Geográfico
Mundial editado pela Folha de S. Paulo,em 1993 se não
me falha a memória, no qual está claro
que o nosso sistema econômico é excludente.
Cordiais
saudações, parabéns pelo artigo
e sucesso.
Afonso
Mota
Professor
P.S.:
1- Para comprovar o conteúdo acima basta contatar
o Colégio Nossa Senhora dos Remedios em Osasco.
O coordenador do curso à época Sr. Orlandini
é atualmente diretor na escola - deve se lembrar
dos fatos acima descritos.
2-
Ia esquecendo Dimenstein, neste país para trabalhar
você precisa de autorização. Você
sabia? Se não, fique sabendo. Pode ser engraçado
mas é real. E só descobre isso quem quer
trabalhar.
3-
Limitei minhas palavras como brasileiro e patriota,
mas é muito triste a nossa realidade. E ainda
acreditam que tudo vai acabar em "pizza",
doce ilusão.
4-
Sugestão: que tal incluir, quando couber, em
um de seus artigos a frase: " Eu preciso aprender
a obedecer para um dia saber mandar". Pois em termos
de formação humana ela é fantástica
principalmente na formação dos nossos
jovens a partir dos 7 anos de idade.
Mais
uma: "Os professores de mais alto nível
que um país pode ter são os que formam
os jovens dos 7 aos 14 anos".
Nesta
última envolve a formação do caráter
e princípios de valores. Para ler e refletir:
"O sucesso de uma nação repousa no
caráter dos seus cidadãos muito mais do
que nas suas leis e organizações".
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