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infância
09/03/2005
SP terá "blitz" para tirar crianças pedintes das ruas
 

O secretário de Assistência e Desenvolvimento Social da cidade de São Paulo, Floriano Pesaro, afirmou ontem que a prefeitura vai iniciar em junho um programa para a retirada de crianças que vendem mercadorias e pedem esmolas nos semáforos da cidade.

O auxiliar do prefeito José Serra (PSDB) disse que esse tipo de "blitz" será complementado por visitas de assistentes sociais às casas das famílias das crianças e pela inclusão delas em programas de distribuição de renda.

Segundo o secretário, a Guarda Civil Metropolitana vai participar das operações para identificar casos de exploração do trabalho infantil. Se houver insistência da prática por parte de adultos, eles serão "levados à delegacia para abertura de inquérito". "Aliciar crianças é crime", disse Pesaro.

O programa, inicialmente batizado de "São Paulo Protege suas Crianças", vai começar por Santo Amaro (zona sul). Em seguida, será estendido a outros bairros.

A prefeitura estima que o número de crianças e adolescentes trabalhando nos semáforos e ruas esteja em torno de 3.000.

Segundo Pesaro, 90 funcionários da prefeitura vão participar das operações em grupos de três ou quatro pessoas. Serão 13 Kombis circulando pela cidade atrás dos meninos que estiverem nos semáforos. Os funcionários tentarão convencer a criança a apontar se há alguém por trás de seu trabalho. Buscarão ainda o seu endereço, para que seja levada para casa. Os pais também receberão atendimento assistencial.

Para fechar o ciclo de reintegração, disse o secretário, o Renda Mínima passará a exigir novas contrapartidas. Atualmente, o programa de distribuição de renda pede apenas a freqüência escolar. A idéia é exigir também que participem de programações dos núcleos sociais e educativos administrados por entidades assistenciais conveniadas com a prefeitura, que dão cursos de informática, atividades esportivas e profissionalizantes. Para o auxiliar de Serra, isso pode diminuir o tempo ocioso das crianças.

Rio de Janeiro
O secretário de assistência social do Rio, Marcelo Garcia, afirma que a principal dificuldade que a prefeitura enfrenta para não permitir que crianças trabalhem e peçam dinheiro é o que chama de "cultura da rua", ou seja, muitas delas não querem sair das vias da cidade, embora tenham casa e estudem.

Segundo ele, o acesso ao dinheiro que permite às crianças contribuírem com o orçamento doméstico e comprarem bens a que não teriam acesso de outra maneira estimula a sua permanência na rua. A prefeitura carioca, ele diz, procura retirá-las dos espaços públicos, levando-as para locais em que têm acesso a cursos extracurriculares. Segundo o secretário, essa política é bem-sucedida, já que cerca de 500 meninos perambulariam, trabalhariam e praticariam pequenos furtos constantemente pela cidade contra 750 mil crianças que freqüentam a escola.

No ano passado, a polícia do Rio recolheu crianças e adolescentes das ruas, mas a ação foi suspensa pela Justiça pois feria o seu direito de ir e vir, que, sem prova em contrário, não poderiam ser consideradas criminosas, suspeitas, nem impedidas de ficar em locais públicos.

Gerente de comunicação do Projeto Travessia, que atende crianças que vivem na rua em São Paulo, Max Dante afirmou ontem que o novo programa pode "criminalizar a miséria".

Para Ariel de Castro, coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos, o programa corre o risco de se tornar uma "ação policialesca", caso o acompanhamento das famílias não seja feito de forma efetiva. Integrante da Pastoral da Criança, da Igreja Católica, o padre Júlio Lancellotti acha que, se a rede assistencial da prefeitura funcionar após a retirada das crianças, o programa pode levar outras às ruas em busca do mesmo tratamento.

CONRADO CORSALETTE
da Folha de S.Paulo

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