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Dia 01/11/01

 

 


Para jovens operários, realização profissional fica em segundo plano

Raquel Souza
Equipe GD

Ganhar dinheiro suficiente para ajudar no sustento da família, não ser confundido com marginais, custear suas próprias despesas. Na hora de justificar os motivos que os levam a continuar trabalhando, jovens operários deixam a realização profissional em segundo plano.

É o que mostra um trabalho realizado por Maria Carla Corrochano, para sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Educação da USP em agosto último.

Intitulada "Jovens Olhares Sobre o Trabalho - um estudo dos jovens operários e operárias de São Bernardo do Campo", a pesquisa acompanhou o dia-a-dia e as expectativas dos trabalhadores com menos de 24 anos, de três fábricas de autopeças da região.

Com baixos salários e ocupando cargos que exigem pouca qualificação e muita exigência física, mais de 50% dos entrevistados acham que ter um emprego é quase privilégio. "Para reforçar essa idéia, todos possuem amigos desempregados, ou já estiveram nesta condição. Cerca de 80% também ocupou postos de trabalho informal e precário", explica Maria Carla.

O resultado desta situação, segundo os dados, é que apesar dos jovens continuarem sonhando com a possibilidade de uma vida melhor, seus planos são, quase sempre, remotos, e o trabalho de hoje não possui relação com o sonho de amanhã.

Segundo Maria Carla, o emprego é central na vida desses jovens e concretizar seus planos de futuro envolve um certo risco de desemprego. "É difícil apostar numa possibilidade de mudança sem que haja políticas de formação e geração de postos de trabalho e renda", completa.

Educação - Outra constatação da pesquisadora diz respeito à escolarização dos operários. Para 69,4% dos jovens, a escolarização é fator determinante na hora de procurar um novo emprego. Apenas 16,7% acreditam que a experiência é fundamental.

No chão da fábrica, porém, qualidades como comportamento, assiduidade e desempenho despontam como fatores que garantem a permanência no emprego. A importância da escolarização foi a resposta dada por apenas 2,8% dos entrevistados.

Segundo Maria Carla, as empresas que contratam estes jovens, no geral, não possuem planos de carreira consistentes. "Um jovem que é contratado como ferramenteiro em 1994 pode permanecer a vida inteira nesse cargo. As empresas dizem que contratam jovens porque eles são mais abertos à mudança, mas dão poucas chances para que esse jovem mude ou participe", conclui Maria Carla.

 
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