Jovens
abandonam sonhos profissionais para fugir do desemprego
Raquel
Souza
Equipe GD
"Nos
sonhos e planos, eles querem ser fotógrafos, nutricionistas,
engenheiros ou ter seu próprio negócio. Na vida
real, vale tudo". A afirmação é
da socióloga Régia Cristina Oliveira que, para
concluir seu trabalho de mestrado, acompanhou a trajetória
da vida profissional de 41 jovens.
O resultado
está na dissertação "Jovens Trabalhadores:
representações sobre o trabalho na contemporaneidade",
defendida em novembro na Universidade de São Paulo
(USP). O estudo aponta que, apesar de ainda sonharem com um
futuro promissor, esta parcela da população
encontra poucas alternativas para a realização
de seus planos profissionais.
No caso
dos jovens empregados, a formação profissional
acaba se voltando para as exigências do empregador.
Já os desempregados procuram uma formação
de acordo com o número de vagas oferecidas em anúncios.
Como exemplo, a socióloga conta que as meninas com
freqüência optam pelos cursos de telemarketing
e atendimento ao cliente.
Esses
jovens não possuem uma estrutura financeira e social
que possibilite o investimento no futuro, sendo obrigados
a traçar planos para a resolução de problemas
imediatos. "O trabalho é encarado por eles como
um exercício de manutenção da vida",
explica a socióloga.
A dificuldade
é ainda maior para os filhos de pais desempregados.
Nesses casos, é o jovem que se responsabiliza por assegurar
aos familiares condições mínimas de sobrevivência,
tornando-se o provedor da casa.
"A
relação com o trabalho ganha dimensões
do mundo adulto. Não se ganha autonomia em relação
aos pais, como acontece com os jovens de classe média,
mas sim a responsabilidade de manter a família",
conclui Régia.
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