Crise
econômica é a raiz da violência juvenil
na AL
Raquel
Souza
Equipe GD
As constantes
crises econômicas atingem de forma mais intensa a população
juvenil. São os jovens que mais sofrem com a falta
de credibilidade no futuro, comuns em momentos de crise econômica.
"A ausência de planos de vida futura é maior
entre esse grupo, já que os adultos, em casos de crise,
costumam apostar suas expectativas nos filhos", analisa
a socióloga Miriam Abramovay.
Essa situação
faz com que o jovens fiquem vulneráveis ao desemprego
e propensos a agir com violência. Mais que isso: serem
vítimas de uma violência que impera hoje na sociedade.
Sendo assim, essa questão junto aos jovens não
pode ser vista apenas sob a ótica policial, deve ser
compreendida de uma maneira mais ampla, acredita uma das autoras
do livro, recém lançado pela Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura), "Juventude, Violência
e Vulnerabilidade Social na América Latina: desafios
para políticas públicas".
Entre
a população que desfruta de poucas oportunidades
econômicas na América Latina, o segmento juvenil
é o mais pobre. Nas áreas rurais, por exemplo,
o número de jovens do sexo masculino que apenas trabalha
e está abaixo da linha de pobreza varia entre 60% e
90% do total de jovens trabalhadores. "É uma porcentagem
extremamente alta que ilustra a condição de
vulnerabilidade da juventude", comenta a socióloga.
Miriam
destaca também que até o ano 2005 a expectativa
é de que este segmento populacional ultrapasse os 100
milhões em toda AL. Esse dado, segundo ela, exige dos
governantes maior preocupação com as áreas
de saúde, lazer e cultura.
"É importante dizer que no campo das políticas
públicas a preocupação com os jovens
é recente. E, os governos costumam vincular a juventude
com a infância e a adolescência sem compreender
que este segmento tem suas especificidades", diz ela.
Nas crianças,
segundo a especialista, a preocupação com o
futuro (inserção no mercado de trabalho, constituição
de famílias) ainda não faz parte de suas preocupações
e elas desfrutam de um tempo maior para chegar a vida adulta
com os efeitos da crise já amenizados.
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