Terceiro
Setor ainda sofre para avaliar ações sociais, diz
especialista
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Complexidade
na metodologia, percepção equivocada do processo,
confusão no direcionamento da avaliação e até
certa imprecisão na definição de objetivo das
iniciativas são os principais empecilhos para avaliar ações
sociais no Brasil. Sem análises efetivas, muitas ONGs perdem
financiadores e tornam-se "elefantes brancos" de qualidade
duvidosa.
As conclusões
fazem parte dos trabalhos realizados no painel Avaliação
do Impacto Social, promovido pelo Instituto Ethos, no terceiro dia
de trabalhos da II Conferência Nacional 2002 - Empresas e
Responsabilidade Social, em São Paulo. Durante as discussões,
muito se falou da potencialidade das experiências serem replicadas,
porém elas esbarram na falta de análises consistentes
para sistematizá-las.
Segundo a socióloga Rebecca Raposo, diretora-executiva do
Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE),
as ONGs não conseguem criar parâmetros avaliativos
de seus próprios projetos. "Não existem indicadores
modelos. Cada entidade deve criar os seus, pois eles estão
intimamente ligados à elaboração do projeto",
explicou.
Embora sejam
muitas as deficiências nesse sentido, a mais alarmante é
a falta de clareza sobre a missão dos projetos. "E a
falta de foco só é percebida na hora em que se deve
constatar a eficácia do processo, seja ele qual for",
criticou.
Outro ponto
importante levantado por Rebecca é a confusão que
se faz entre impactos de uma ação e seus resultados,
definições essencialmente diferentes. Os resultados
são constatados logo após a conclusão das atividades,
sobre seu público alvo. Enquanto os impactos, reúnem
um conjunto de fatores que mostram a consolidação
das idéias propostas na intervenção e a apropriação
da iniciativa pela comunidade local. "No entanto, todos falam
resultados e impactos, como se fossem sinônimos."
As conseqüências
da incompetência para aplicar a auto-avaliação
são catastróficas para as ONGs: perdem patrocinadores
e não conseguem visibilidade. Não é difícil
entender: se não possuem pesquisas para solidificar sua credibilidade
em um segmento que não pára de crescer, como o Terceiro
Setor, elas perdem seus apoiadores para outras entidades que os
tenham. "Já a mídia não vai divulgar uma
ação sem ver os resultados", ironizou.
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