OAB
cria polêmica sobre prestação de advocacia gratuita
Raquel Souza
Equipe GD
O Instituto
Pró-Bono, criado no final do ano passado, reuniu mais de
41 advogados de renome para simular, no Brasil, o que já
é realidade nos Estados Unidos: a prestação
de advocacia gratuita a entidades sociais sem fins lucrativos. Entretanto,
antes mesmo do início das atividades, a idéia gerou
polêmica na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em São
Paulo.
A Turma de Ética
Profissional da OAB emitiu pareceres desfavoráveis à
iniciativa, avaliando que esse tipo de atendimento pode servir para
a captação indevida de clientes por parte dos advogados,
através de publicidade e concorrência desleal. "Não
se trata de ser contra o trabalho gratuito, mas a iniciativa pode
suscitar propaganda e publicização. Também
pode ser uma forma de o profissional se insinuar para o atendimento
de outros casos", afirma o presidente da Turma de Ética,
Robison Baroni.
Para ele, quem
quiser defender os pobres pode se inscrever hoje, anonimamente,
em um programa gratuito que a própria OAB oferece. A entidade
mantém um convênio com o poder público para
este tipo de atendimento, uma vez que seria atribuição
do Estado oferecer à população carente o serviço
de defensoria pública (inexistente em São Paulo, por
exemplo).
Segundo Baroni,
há mais de 33 mil advogados cadastrados para atender a esta
demanda. "É constitucional que o poder público
seja onerado pelo serviço prestado à população
carente", explica.
No caso de entidades
da sociedade civil - que são pessoas jurídicas e,
por isso, não podem ser beneficiadas pelo convênio
- , o presidente da Turma de Ética sugere sua inclusão
no serviço gratuito já existente. "É uma
possibilidade. Uma vez que estas instituições cobrem
uma demanda social negligenciada pelo Estado, nada mais justo que
ele garantir a funcionalidade delas", afirma.
Segundo o presidente
da OAB e sócio-fundador do Instituto Pró-Bono, Carlos
Miguel Aidar, se o Estado estiver disposto a investir na idéia,
será "ótimo". "Se o poder público
remunerar os advogados, tudo bem. Afinal, não dá para
prestar serviço para o governo gratuitamente com a carga
tributária que é cobrada", afirma.
Aidar reclama
ainda que a polêmica sobre a prestação de advocacia
gratuita é desnecessária e fruto de um desencontro
de informações. "A discussão é
interna. O Instituto Pró-Bono ainda não se movimentou
e aguarda regulamentação da OAB para entrar em funcionamento",
reclama.
O presidente
rebate ainda das críticas sofridas pela instituição,
improcedentes na sua avaliação. Segundo Aidar, a idoneidade
do serviço está garantida no código de ética
do Instituto Pró-Bono. "Um advogado que atende a uma
entidade está proibido de prestar serviços a pessoas
físicas participantes dela. O profissional não poderá
usar o instituto para se promover", afirma.
Toda a polêmica
será resolvida, segundo o presidente da OAB, num prazo máximo
de 60 dias.
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