Desemprego
industrial aumenta desigualdade de rendimentos em SP
Rodrigo Zavala
Equipe GD
Como a renda
média dos chefes de família do Estado mais rico da
nação pode ter crescido 10,3% abaixo dos demais brasileiros?
Segundo pesquisa realizada pelo secretário municipal do Desenvolvimento,
Trabalho e Solidariedade, Marcio Pochmann, o rendimento mensal dos
chefes de família do Estado de São Paulo cresceu 2,85%
em média por ano de 1991 a 2000. No mesmo período,
a renda média dos chefes de família brasileiros aumentou
3,96% ao ano.
Na análise
do secretário, o desenvolvimento de um novo modelo econômico
a partir de 1990 foi desfavorável aos Estados mais industrializados.
A abertura comercial, produtiva, financeira e tecnológica,
aliada às altas taxas de juros, culminou no fechamento, transferência
e internacionalização de empresas. Os centros de tomada
de decisão foram deslocados, e produtos e serviços
nacionais, substituídos por importados.
Como consequência,
houve forte contenção de empregos na indústria.
O conjunto de municípios mais ricos do Estado, que abrigam
80,7% da população e 87,9% de todo o rendimento dos
chefes de domicílios paulistas, perdeu empregos industriais.
Enquanto isso, os municípios mais dependentes dos setores
primário e terciário elevaram ligeiramente a quantidade
de empregos, possivelmente aumentando o número de ocupações
associadas a atividades de serviços industriais (oficinas
mecânicas, funilaria, serralharia, entre outros).
O resultado,
diz o economista, foi a perda de participação do emprego
assalariado no total da ocupação, especialmente dos
postos de trabalho com registro formal. A redução
foi compensada, em parte, pelo aumento das ocupações
precárias. Porém, estas foram insuficientes para absorver
toda a mão-de-obra. Por conta disso, ocorreu a explosão
do desemprego no Estado de São Paulo.
Outro estudo,
conduzido pela Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), corrobora a pesquisa do secretário.
Segundo a entidade, a indústria paulista eliminou, em sete
anos, 570 mil postos de trabalho. Como resultado, a renda do trabalhador
caiu, as vendas desabaram e as indústrias reduziram suas
metas de produção. O estopim foi a crise energética.
Sem eletricidade, projetos de expansão industrial foram revistos.
Estima-se que deixaram de ser criadas 13 mil vagas no ano passado,
em decorrência da crise de energia.
Para reverter
este quadro, segundo Pochmann, o Brasil deveria crescer, no mínimo,
5,4% ao ano, e não 2,8%, como têm acontecido. "O
governo precisa também retomar políticas de desenvolvimento
local e regional, abandonadas há dez anos", afirma o
secretário. O economista defende políticas de investimento
independentes do capital externo e de transnacionais - que sempre
"fogem" nos momentos de crise. Ele defende ainda o fim
da guerra fiscal entre os Estados e municípios, pois acredita
que apenas a isenção de impostos já mostrou
não trazer os benefícios almejados.
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