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Dia 02.07.03

O padre que acorda com o sabiá

O cabelo longo, ajeitado por um rabo-de-cavalo, faz José Maria Fernandes parecer mais um artista plástico do que um padre. O inusitado da aparência mescla-se com o inusual da paisagem em que ele vive. Um sabiá quase sempre pousa no parapeito de sua janela. Silêncio, árvores e pássaros cantando compõem uma paisagem rara para qualquer paulistano - ainda mais para quem vive no poluído centro da cidade.

Desde que foi morar no Pátio do Colégio, no ano de 1999, José Maria dedicou-se a plantar ali árvores frutíferas - vieram os frutos e os pássaros. Por cultivar a história, ele começa a atrair agora, além dos pássaros, pessoas.

Pós-graduado em arte sacra pela Universidade Gregoriana, na Itália, ele participou das obras de restauração do Museu do Vaticano, em Roma, e acabou convidado para cuidar do Pátio do Colégio.

O espaço estava deteriorado; o acervo, largado. Para piorar o cenário, o entorno era habitado por mendigos e crianças viciadas em crack. "Quando eu vi o acervo a ser restaurado, percebi que não havia sentido fazer uma exposição de arte sacra. Centramos o trabalho no resgate da história da cidade."

Além de recuperar o acervo histórico, ele treinou monitores bilíngues para receber visitantes. Quando o padre começou as mudanças, o local era visitado diariamente por 70 pessoas; hoje já acontecem mais de 300 visitas por dia. Esse número ainda deve aumentar porque estão sendo preparados materiais didáticos sobre o Pátio para serem utilizados nas escolas.

Nos últimos meses, o Pátio está entrando na moda, disputado por quem quer fazer festas em ambientes exóticos. Dificilmente um convidado não se impressiona com a combinação de força com história, da beleza do claustro arborizado com a paisagem do horizonte de São Paulo.

É um charme providencial. As festas ajudam a financiar projetos educativos - restauração e música, por exemplo - para as crianças e adolescentes das imediações. "Viramos um laboratório social", diz José Maria, que acabou promovendo um reencontro com a história.

Quando nasceu, há quase 450 anos, o Pátio do Colégio se chamava Escola de Meninos, então uma cabana de pau-a-pique de 90 metros quadrados. "Fomos a única metrópole a nascer de uma escola", orgulha-se.

 

 
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