Modelo
de beleza
A ousadia da publicitária Mara Grabrilli tornou-se
visível quando decidiu posar nua para a revista "Trip"
- um gesto pouco original se ela não fosse tetraplégica
numa época em que se reverencia o padrão de
beleza das anoréxicas modelos, transformadas em ídolos
populares.
Ela está
agora levando a ousadia para dentro das academias esportivas,
templos da estética, com a paisagem repleta de gente
jovem e malhada. Escolheu uma das mais badaladas academias
da cidade - a Fórmula - e convenceu sua direção
a adaptá-la aos portadores de deficiência. Isso
está implicando tanto a remodelação espacial
como o treinamento de pessoal.
A idéia
de Mara é tirar os portadores de deficiência
de guetos fisioterapêuticos, muitas vezes sombrios porque
cuidam apenas de doentes. "Não acredito que a
reabilitação deva ser feita em lugares separados
ou em hospitais. Todos devem se divertir e se integrar normalmente",
defende Mara, vítima de um acidente em 1994, quando
se viu obrigada a interromper sua vida profissional.
Naquele
ano, ela estava em plena ascensão profissional e, por
pelo menos um ano, ficou presa numa cama. Sempre orgulhosa
de sua independência, viu-se dependendo dos outros para
executar as tarefas mais simples como comer. Em vez de se
entregar, preferiu reagir. Passava o dia lendo pesquisas,
espalhadas no mundo, sobre lesão medular, enquanto
tomava conhecimento de experiências para integrar portadores
de deficiência. Surgiu assim o projeto Primeiro Passo,
logo apoiado por publicitários; a W/Brasil, agência
de Washington Olivetto, assumiu a campanha.
Acabou
aprendendo, no entusiasmo da luta, que é possível
suplantar a limitação física - pelo menos
dentro da cabeça, não se prendendo na cama,
na cadeira de rodas, nos "guetos". Isso significou,
para ela, assumir sua própria beleza. Nem que, para
isso, tivesse de posar nua. "Já recebi cartas
de mulheres tetraplégicas que, por causa das minhas
fotos, resolveram se vestir melhor."
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