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Dia 14.05.03

O professor no paraíso

Apaixonado por restauração do patrimônio histórico, o professor Samuel Kruchin encontrou um paraíso particular na zona leste. Fez de uma das raras edificações do século 17 que sobraram na cidade de São Paulo - a casa do regente Feijó - a extensão de sua sala de aula, transformada então num laboratório de arquitetura. "É um sonho", comemora.

Kruchin foi convidado a restaurar o prédio, hoje em ruínas, do orfanato Anália Franco, construído na antiga fazenda do regente Feijó, na zona leste. Reformado, o antigo orfanato, que recebia filhos de escravos, passou a sediar a Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), onde Kruchin acabou coordenando um curso de pós-graduação em patrimônio histórico.

Dar aula de patrimônio histórico dentro da sua própria obra restaurada já seria suficiente para fazer de Kruchin um professor orgulhoso: seus ensinamentos estariam ali, diante dos alunos, fixados no espaço, quase como giz na lousa. O melhor, porém, estava bem ao lado, separado, aliás, por um túnel, onde, no passado, circulavam escravos que trabalhavam na fazenda.

Passando o túnel, desmanchava-se, vítima do tempo, a casa do regente Feijó. "Podemos ver na construção traços arquitetônicos que vão do século 17 até os dias de hoje", afirma. Coube a Kruchin também cuidar da casa. O professor aproveitou para convidar seus alunos a acompanharem cada etapa da restauração, misturando teoria com prática.

A história ia aparecendo na raspagem das paredes ou do piso, num contraste com a paisagem do shopping center Anália Franco, bem à sua frente.

Ainda não se sabe qual será o uso da casa de Feijó, um dos adversários da escravidão durante o Império. Talvez sirva de centro cultural. Já se sabe, porém, que será criado pela prefeitura um parque na área verde que circunda aquele patrimônio, a ser entregue ainda neste ano.

O parque também será uma espécie de laboratório para o professor, que, desta vez, não vai cuidar de universitários, mas de jovens da zona leste que estão à procura de emprego. Ele vai chamar esses jovens para que aprendam como se constrói e preserva um parque, edificando praças, para que façam disso uma profissão - o desemprego entre jovens é, afinal, o inferno social da zona leste.

 

 
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