Capital
do skate
No início
da década de 80, George Rotatori, 37 anos, apaixonou-se
pelo skate, até então um esporte exótico
no Brasil. Anos depois, mais uma paixão: a arquitetura.
A mistura das duas paixões fez dele a referência
em uma modalidade de design: a de pistas de skate.
É
dele, por exemplo, o projeto da Skate House BRZ, na zona sul
de São Paulo, a maior pista coberta da América
Latina, onde, no domingo passado, ocorreu o Campeonato Brasileiro
de Skate. Ele tem encomendas para fazer pistas em todo o país.
"A arte está na textura ideal, nas curvas e superfícies
perfeitas, sem ondulações", ensina.
No final
da década de 70, lembra-se George, a única pista
disponível na cidade de São Paulo estava no
quintal da casa de dois jovens. "Era só",
conta. A primeira pista pública surgiu debaixo de um
viaduto. O esporte ganhou a cidade. Das pistas paulistanas,
saiu Bob Burnquist, que, ao investir na carreira, mudou-se
para a Califórnia e abocanhou o título mundial
na categoria vertical. Tal exemplo estimula legiões
de adolescentes, que se mostram dispostos a transformar o
hobby em profissão e saem correndo atrás de
patrocínio.
A mania
propagou-se a tal ponto que, segundo pesquisa da Secretaria
Municipal de Esportes, o número de skatistas só
perde para o de praticantes de futebol, espalhando-se especialmente
pela periferia. "Virou uma paixão", comenta
Sérgio Marin, responsável pelo projeto de construção
de 44 pistas públicas de skate na cidade, um dos atrativos
das "estações da juventude"; essas
estações pretendem criar áreas de lazer,
esporte e cultura.
Como não
poderia deixar de ser, logo que se imaginou o projeto, George
Rotatori foi chamado. Ele aceitou, mas não esconde
suas desconfianças e vai logo dizendo que não
quer ver o projeto transformado em peça eleitoral.
"Estamos cansados daqueles que usam o skate para se promover
politicamente ou que fazem pistas de qualidade duvidosa. O
que menos me agrada é trabalhar num projeto que não
é interessante para a galera".
George
fez do esporte mais um ingrediente do movimento hip hop, marcado
pelo rap e pelo uso do grafite para a expressão de
uma cultura de solidariedade. Em todos os seus projetos, envolve
skatistas para dar-lhes uma profissão.
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