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Dia 30.07.03

Mulher ensina homem a pilotar

Tânia Marques tem seis irmãos homens que se apaixonaram pela velocidade das motos. Nenhum deles escapou da fatalidade: dois morreram e os demais sofreram acidentes. Um deles submeteu-se, recentemente, a uma transfusão de sangue.

Apesar de testemunharem os perigos, os sobrinhos contaminaram-se da paixão pelo motociclismo. "Não sei se alguém no mundo já sentiu tanto ódio das motos como eu."

Ela seria uma das últimas pessoas a ganharem dinheiro com motocicletas - afinal, nenhuma invenção lhe trouxe tantas desgraças. Mas está conseguindo - e cada vez mais.

Depois que seus dois irmãos morreram - um dos quais vítima de uma mulher que dirigia um automóvel enquanto conversava ao celular -, Tânia desenvolveu a raiva da moto e, ao mesmo tempo, a compaixão pelo motociclista. Andar pelas ruas e presenciar a acrobacia selvagem dos motoboys significa para ela a lembrança permanente da catástrofe familiar.

Da mistura de raiva com compaixão, nasceu um negócio: ela lançou neste ano a profissão de "motogirl". "Talvez algum psicólogo me ajude a entender por que abri esse negócio." As "motogirls" são obrigadas a respeitar as normas do trânsito, estão proibidas de fazer acrobacias e devem vestir-se com elegância. Ganham, no mínimo, R$ 900 mensais. Como devem cuidar da aparência, recebem ajuda para ir ao cabeleireiro ou para comprar produtos de beleza.

Apostando na civilidade urbana, o marketing feminino, pelo jeito, pegou. A empresa começou com dez motogirls e pretende, até o fim do ano, quadruplicar o número de funcionárias. Mesmo sendo o slogan da empresa "rapidez com um toque feminino", homens se candidatam a trabalhar lá. "Eles saem daqui revoltados porque não aceitamos homens. Mas, se entrar um aqui, acho que estraga."

Além da satisfação financeira, Tânia comemora o fato de, até agora, não ter ocorrido nenhum acidente com suas funcionárias. Quem sabe esteja aí a sua motivação psicológica. Pelo menos em sua empresa, ao contrário do que ocorre em sua família, ela consegue colocar ordem nos motociclistas.

 

 
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