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Entenda a crise argentina
e a armadilha da conversibilidade


ELAINE COTTA
da Folha Online

Por trás da crise argentina estava o descontrole dos gastos, a explosão da dívida pública e a paridade cambial. O país passa por uma recessão há quase quatro anos e os consecutivos planos econômicos (ao todo onze) desde o governo De la Rúa não conseguiram estimular o crescimento.

A Argentina também sofria um sério problema de falta de competitividade no mercado. Isso porque seus preços eram atrelados ao dólar. Essa paridade fazia com que as exportações argentinas fossem muito prejudicadas, fazendo com que o país perdesse competitividade no mercado internacional.

O aumento da dívida e a incapacidade de conseguir organizar as finanças públicas fez com que o país deixasse de contar com a confiança dos investidores internacionais. Atualmente, a Argentina tem dificuldades para conseguir dólares, necessários para que cumpra seus compromissos.

Essa falta de dólares aumenta a desconfiança e, consequentemente, diminui o crédito, já que os investidores têm sempre temor de um calote. Essa situação fez com que o país precisasse pagar altas taxas de juros na troca de títulos realizada em maio do ano passado e obrigou o ex-ministro da Economia, Domingo Cavallo, a fixar um teto de 7% para os juros na tentativa de reestruturação da dívida, hoje de US$ 147 bilhões.

Armadilha

A Argentina esteve presa até este 6 de janeiro de 2002 à armadilha da paridade entre o peso e o dólar desde 1991, quando Domingo Cavallo, ministro da Economia do ex-presidente Carlos Menem (1989 a 1999) criou o sistema de conversibilidade cambial. O modelo foi eficaz para controlar a hiperinflação argentina, que ultrapassava a casa dos três dígitos no mês.

No entanto, a conversibilidade que trouxe equilíbrio e estabilidade ao país se tornou a grande responsável pela crise. Ao contrário do que se imagina, o fim da paridade peso-dólar e a desvalorização da moeda não é solução fácil para a Argentina, apesar de ser a saída mais viável neste momento.

É verdade que a medida pode solucionar parte dos problemas argentinos, assim como ocorreu no Brasil. A desvalorização do real, no início de 1999, aumentou a competitividade de nossas exportações e possibilitou ao Banco Central a redução da taxa de juros.

O problema argentino, no entanto, é mais complicado. Encorajados pela inclusão da paridade peso-dólar na Constituição, o governo e as empresas argentinas não se importaram nesses últimos anos de se endividar em dólar.

Com isso, o fim da paridade tem um efeito multiplicador dos passivos. Atualmente, cerca de 90% da dívida pública está atrelada ao dólar. No setor privado, esse percentual chega aos 80%. Com a flutuação do peso adotada desde este 6 de janeiro, a dívida argentina será ampliada.





 
 EFEITO TANGO

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