da Folha Online
O atentado de terça-feira criou no mercado um temor de que haja um choque de petróleo. Países asiáticos, antevendo a escassez do produto, tomaram medidas de racionamento. Postos de gasolina nos EUA elevaram os preços.
A primeira manifestação partiu da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), cartel que domina a maior parte do mercado petrolífero. O presidente da entidade, Chakib Khelil, afirmou que a Opep “trabalha pela estabilidade do mercado de petróleo e está pronta para satisfazer qualquer procura por petróleo no mundo”. Para Khelil, a alta de terça-feira foi causada por uma “reação especulativa a uma situação de crise e incerteza”.
O secretário-geral da entidade, Ali Rodriguez, rejeitou a idéia de que algum membro do grupo _que tem entre seus membros uma maioria árabe_ pudesse usar o petróleo como uma arma política se a violência crescer no Oriente Médio. Ele garantiu que não há motivo para elevar os preços do produto. “No momento nenhuma ação é necessária. Somente mudanças muito grandes no mercado de petróleo justificariam uma mudança.”
O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, declarou que o país, com coordenação da Opep, “cobrirá qualquer escassez que possa haver, por qualquer motivo”.
“Certamente estamos trabalhando normalmente”, declarou um produtor de petróleo. “E se os EUA quiserem mais petróleo, estamos prontos para vendê-lo.”
A Venezuela, que pertence à Opep, e o México, que não pertence à Opep mas é um dos três maiores exportadores de petróleo para os Estados Unidos, também garantiram a continuidade da oferta do produto.
Nos EUA, o secretário de Energia, Spencer Abraham, afirmou que o país está disposto a gastar reservas de petróleo se necessário.
Mercado aliviado
O mercado está aliviado. Operadores vêem pouca chance de haver interrupções no fornecimento de petróleo, apesar do temor de que os atentados tenham ligação com a violência em Israel.
“Se ficar provado que o culpado é o [Osama] bin Laden, não deve haver preocupações com o petróleo”, disse o analista Gary Ross.
O secretário Abraham informou que o suprimento de gasolina dos EUA não foi afetado com os ataques. Em postos de algumas cidades norte-americanas o preço subiu bastante. “Não houve rompimento da oferta para justificar tais preços. Sugiro aos consumidores que procurem outros postos e denunciem os abusos.”
Alguns países asiáticos que importam petróleo tomaram medidas para garantir o fornecimento. Na Tailândia, o governo obrigou as refinarias do país a estocar 5% da demanda local. O estoque normalmente é de 3%.