Quando Luca Badini, sete meses, estiver em idade de entrar na faculdade, sua mãe, a secretária Beatriz, 38, estará se aposentando. Solução para driblar o curto benefício do INSS e garantir a educação do filho: plano de previdência para ele.
Pode soar estranho associar previdência a crianças, mas a aceitação entre os pais é tanta que o número desses produtos voltados à criança é crescente. Bancos, como o Banco do Brasil e o Itaú, já os oferecem. No dia 24 é a vez da Caixa Econômica Federal lançar o seu.
Um pai que aplicasse R$ 80 ao mês, durante 21 anos, num plano de previdência conservador (5% em Bolsa), como o Annuity V5 da AGF (veja quadro), daria a seu filho R$ 144.854,28. Essa projeção da AGF leva em conta uma taxa de inflação de 5% ao ano e uma rentabilidade média de 13,9% ao ano.
"Quero que meu filho tenha uma reserva para a faculdade", diz Beatriz, que adquiriu o Brasilprev Júnior, do Banco do Brasil.
O plano fica no nome do pai e, aos 21 anos, o filho pode sacar todo o dinheiro, resgatá-lo aos poucos ou transferir o plano para seu nome. Mas é possível sacar antes de a criança atingir a maioridade.
A vantagem de entrar num plano desses em relação a aplicar num fundo de investimento é que os pais podem descontar do Imposto de Renda os gastos com o plano até 12% de sua renda bruta anual. A desvantagem é que a taxa de administração é muito alta em relação à dos fundos.
Nos planos tradicionais, como o de Beatriz, há garantia mínima de retorno anual de IGPM mais 6% de juro (cerca de 13%). Mas a carteira rende mais, chegando a 20%.
O inconveniente disso é ter de dividir o que exceder o mínimo em até 50% com o administrador.
Outro ponto que assusta são as taxas de carregamento, que cobrem os custos do plano. "Cobra-se, em geral, até 10% sobre aplicações", diz Paulo Medeiros, diretor do Federalprev, da Caixa. "Quem cobra menos costuma ter uma outra taxa, a de administração, cobrada anualmente sobre o saldo."
Mas o mercado de previdência conta com outros planos, que funcionam como fundos de investimento _o Fapi (Fundo de Aposentadoria Programada Individual) e o PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres), que não dão garantia de rentabilidade e permitem ao pai escolher a carteira que mais se encaixa em seu perfil de risco.
Mas fique atento: embora pareçam menores, suas taxas podem pesar mais que as do plano tradicional, pois são cobradas sobre o saldo, já com a reaplicação e os juros do mês anterior, e não apenas sobre as contribuições _caso do tradicional.