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22/11/2005
-
11h46
VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online
A "estabilidade econômica duramente obtida" no Brasil está na berlinda e está ligada ao destino do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que sofre contínua pressão com as denúncias de corrupção na Prefeitura de Ribeirão Preto, no período em que foi prefeito da cidade, além de "ataques de outros ministros, aparentemente apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz reportagem do diário britânico "Financial Times".
Segundo o "FT" o impacto da saída de Palocci do governo sobre o mercado financeiro brasileiro seria "grave". Grave porque a saída de Palocci poderia pôr em risco a "luta" do ministro "para manter um estrito controle sobre os gastos e a redução da dívida do governo" e o apoio à política de juros altos, adotada pelo Banco Central do Brasil, para controlar a inflação, destaca o jornal.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) é o nome mais cotado para assumir a Fazenda, caso Palocci saia. Mercadante, no entanto, é um crítico da política de juros altos e da atuais metas de inflação (de 5,1% para este ano e de 4,5% para 2006) do governo, que ele diz serem muito ambiciosas.
O jornal britânico especula ainda que, a reboque das acusações de corrupção, que aumentaram a pressão sobre Palocci, Lula estaria se deixando levar pelas pressões, principalmente do PT, para um relaxamento das políticas econômicas tanto para obter mais apoio do partido como para obter apoio popular, já se preparando para a eleição em 2006.
"Essa seria uma estratégia de alto risco, e qualquer mudança na política iria gerar incerteza e volatilidade tanto entre investidores como entre consumidores", alerta o jornal.
Demissão
Palocci já teria falado duas vezes em deixar o governo, informa Kennedy Alencar na Folha de S.Paulo. Palocci teria se queixado até do próprio presidente: "Sua dubiedade na economia custaria a confiança dos investidores construída em três anos". Palocci teria dito ainda achar "um erro Lula estimular [a ministra-chefe da Casa Civil] Dilma [Rousseff] a enfrentá-lo, pois isso provocaria perda de sua credibilidade, algo fatal para um ministro da Fazenda".
O ministro já não esconde mais que a situação que enfrenta hoje o está deixando insatisfeito. A Folha informa que Palocci chegou mais atrasado que o presidente Lula à cerimônia de sanção da "MP do Bem" e ficou "de cara fechada todo o tempo", até mesmo quando Lula o elogiou.
O economista-chefe para a América Latina do banco Dresdner Kleinwort Wasserstein, Nuno Câmara, disse ao "FT" que ainda não há no mercado a percepção de aumento de risco no caso de uma eventual saída de Palocci do Ministério. Se o ministro sair e a política monetária for relaxada, no entanto, "as pessoas mudariam suas opiniões e posições, e veríamos movimentos negativos abruptos de preços".
Câmbio, títulos e ações teriam registrado forte valorização, de acordo com a reportagem, "mesmo com a crise política", lastreados em: 1) reformas institucionais e econômicas fundamentais; 2) transformação da conta corrente brasileira, graças ao aumento das exportações; 3) excesso de liquidez nos mercados financeiros internacionais.
Corrupção
Sobre o ministro pesam as acusações de envolvimento em episódios de corrupção enquanto foi prefeito de Ribeirão Preto, como o recebimento de uma mesada de R$ 50 mil da empreiteira Leão Leão e suspeitas de irregularidades de superfaturamento de obras.
Palocci ainda é acusado por seu ex-assessor em Ribeirão Preto, Rogério Buratti, de ter recebido em 2002 US$ 3 milhões de Cuba para a campanha presidencial do PT. Palocci diz desconhecer esse esquema.
O presidente Lula, que saiu em defesa do ministro em outras ocasiões, relutou diante da atual situação, e ofereceu "apoio forte e aberto a Rousseff", que tem criticado duramente o ministro da Fazenda nas últimas semanas. "Palocci está sozinho entre os maiores nomes do PT no apoio às políticas austeras herdadas" do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
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Saída de Palocci colocaria estabilidade em risco, diz "Financial Times"
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A "estabilidade econômica duramente obtida" no Brasil está na berlinda e está ligada ao destino do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que sofre contínua pressão com as denúncias de corrupção na Prefeitura de Ribeirão Preto, no período em que foi prefeito da cidade, além de "ataques de outros ministros, aparentemente apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz reportagem do diário britânico "Financial Times".
Segundo o "FT" o impacto da saída de Palocci do governo sobre o mercado financeiro brasileiro seria "grave". Grave porque a saída de Palocci poderia pôr em risco a "luta" do ministro "para manter um estrito controle sobre os gastos e a redução da dívida do governo" e o apoio à política de juros altos, adotada pelo Banco Central do Brasil, para controlar a inflação, destaca o jornal.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) é o nome mais cotado para assumir a Fazenda, caso Palocci saia. Mercadante, no entanto, é um crítico da política de juros altos e da atuais metas de inflação (de 5,1% para este ano e de 4,5% para 2006) do governo, que ele diz serem muito ambiciosas.
O jornal britânico especula ainda que, a reboque das acusações de corrupção, que aumentaram a pressão sobre Palocci, Lula estaria se deixando levar pelas pressões, principalmente do PT, para um relaxamento das políticas econômicas tanto para obter mais apoio do partido como para obter apoio popular, já se preparando para a eleição em 2006.
"Essa seria uma estratégia de alto risco, e qualquer mudança na política iria gerar incerteza e volatilidade tanto entre investidores como entre consumidores", alerta o jornal.
Demissão
Palocci já teria falado duas vezes em deixar o governo, informa Kennedy Alencar na Folha de S.Paulo. Palocci teria se queixado até do próprio presidente: "Sua dubiedade na economia custaria a confiança dos investidores construída em três anos". Palocci teria dito ainda achar "um erro Lula estimular [a ministra-chefe da Casa Civil] Dilma [Rousseff] a enfrentá-lo, pois isso provocaria perda de sua credibilidade, algo fatal para um ministro da Fazenda".
O ministro já não esconde mais que a situação que enfrenta hoje o está deixando insatisfeito. A Folha informa que Palocci chegou mais atrasado que o presidente Lula à cerimônia de sanção da "MP do Bem" e ficou "de cara fechada todo o tempo", até mesmo quando Lula o elogiou.
O economista-chefe para a América Latina do banco Dresdner Kleinwort Wasserstein, Nuno Câmara, disse ao "FT" que ainda não há no mercado a percepção de aumento de risco no caso de uma eventual saída de Palocci do Ministério. Se o ministro sair e a política monetária for relaxada, no entanto, "as pessoas mudariam suas opiniões e posições, e veríamos movimentos negativos abruptos de preços".
Câmbio, títulos e ações teriam registrado forte valorização, de acordo com a reportagem, "mesmo com a crise política", lastreados em: 1) reformas institucionais e econômicas fundamentais; 2) transformação da conta corrente brasileira, graças ao aumento das exportações; 3) excesso de liquidez nos mercados financeiros internacionais.
Corrupção
Sobre o ministro pesam as acusações de envolvimento em episódios de corrupção enquanto foi prefeito de Ribeirão Preto, como o recebimento de uma mesada de R$ 50 mil da empreiteira Leão Leão e suspeitas de irregularidades de superfaturamento de obras.
Palocci ainda é acusado por seu ex-assessor em Ribeirão Preto, Rogério Buratti, de ter recebido em 2002 US$ 3 milhões de Cuba para a campanha presidencial do PT. Palocci diz desconhecer esse esquema.
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