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25/11/2005 - 09h26

Renda média em SP cai 31% entre 95 e 2005

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FÁTIMA FERNANDES
da Folha de S.Paulo

A renda dos ocupados na Região Metropolitana de São Paulo é menor do que há dez anos. Quem tinha rendimento mensal de R$ 100 entre setembro de 1994 e agosto de 1995 viu esse valor cair para R$ 69,2 de setembro de 2004 a agosto de 2005 --a perda foi de 30,8%, segundo informa o Dieese.

A queda do poder de compra dos ocupados na Região Metropolitana de São Paulo reflete a precarização do mercado de trabalho. A recuperação da economia, principalmente a partir de 2004, ainda não foi suficiente para recuperar a renda de 1995.

Em reais atualizados a valores de setembro deste ano, o rendimento real médio dos ocupados na região era de R$ 1.515 de setembro de 1994 a agosto de 1995. Caiu para R$ 1.048 de setembro de 2004 a agosto de 2005. O pico foi entre setembro de 1996 e agosto de 1997, de R$ 1.565.

"Há muita oferta de mão-de-obra para pouca demanda. Soma-se a isso a substituição de salários mais altos por mais baixos", afirma José Silvestre Prado de Oliveira, superintendente do escritório de São Paulo do Dieese.

Os 10% mais pobres perderam menos do que os 10% mais ricos comparando a média de rendimento de setembro de 1994 a agosto de 1995 e de setembro de 2004 a agosto de 2005. Para os 10% mais pobres, a queda na renda foi de 17,2%, e, para os 10% mais ricos, de 38,6%, no período.

Os 10% mais pobres, que tinham rendimento de até R$ 250, em média, de setembro de 1994 a agosto de 1995, viram esse valor cair para R$ 207, de setembro de 2004 a agosto deste ano.

O rendimento dos 10% mais ricos, que era superior a R$ 3.384, em média, de setembro de 1994 a agosto de 1995, passou a ser superior a R$ 2.078, em média, de setembro de 2004 a agosto de 2005.

Isso resultou na diminuição da diferença entre o rendimento dos dois extremos da estrutura da renda do trabalho na região.

De setembro de 1994 a agosto de 1995, o rendimento real médio dos 10% mais pobres representava 7,4% sobre o dos 10% mais ricos. De setembro de 2004 a agosto de 2005, esse percentual subiu para 10%. Isto é, diminuiu a desigualdade de renda na região.

"Seria uma boa notícia, se a renda de todos os ocupados tivesse subido, e a dos 10% mais pobres, aumentado mais do que a dos 10% mais ricos. Só que o rendimento caiu para todos os ocupados no período", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor do Dieese.

Os 10% mais pobres perderam menos porque houve aumento real do salário mínimo nesse período --de 39% de agosto de 1995 a agosto de 2005. "Apesar de os governos não terem política explícita, houve crescimento real do mínimo em quase todos esses anos, com impacto nos salários menores", afirma Patrícia Lino Costa, economista do Dieese.
Quem está na faixa de renda mais alta já enfrentou dificuldade para repor a inflação nos salários, no período, como reflexo do baixo crescimento da economia.

"Houve transferência de renda para os mais pobres na Região Metropolitana de São Paulo, mas a última década foi de recessão, que resultou em situação pior para todo mundo", diz Costa.

Os trabalhadores que estão no meio da estrutura de renda também perderam menos do que os 10% mais ricos. Os 30% mais pobres que ganhavam até R$ 421 de setembro de 2004 a agosto de 2005, por exemplo, tiveram perda de renda de 19,3%, na comparação com o período de setembro de 1994 e agosto de 1995.

O crescimento da renda do trabalho na Região Metropolitana de São Paulo e no resto do país só volta a ocorrer, na análise de economistas do Dieese, quando o país tiver um crescimento sustentado de no mínimo 7% ao ano.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o desemprego do Seade-Dieese
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