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04/01/2006 - 09h40

Empresas do Brasil têm recorde em Wall Street

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GUILHERME BARROS
Colunista da Folha

Não foram só os juros do Banco Central que tornaram o Brasil atraente para investimentos estrangeiros. O apetite por ações brasileiras também bateu recordes em 2005, tanto aqui como lá fora. Em Nova York, o volume negociado em ações de empresas brasileiras ficou muito próximo, inclusive, do total transacionado no mercado à vista da Bolsa de Valores de São Paulo. Em média, foram negociados em Nova York 90,8% do total de transações da Bovespa. No ano anterior, a média tinha sido de 78,2%.

O crescimento do movimento dos ADRs (recibos de ações brasileiras negociados nos EUA) em 2005 foi mesmo espantoso. O volume total atingiu US$ 127,4 bilhões, praticamente o dobro dos US$ 67,8 bilhões de 2004. A média negociada por dia em ADRs subiu de US$ 266 milhões em 2004 para US$ 512 milhões em 2005, uma alta de 92% entre os dois anos.

"Hoje se pode dizer que há praticamente uma Bovespa sendo negociada em Nova York", diz Einar Rivero, coordenador da consultoria Economática, responsável pelo estudo comparativo do volume médio diário mensal de ADRs com as ações na Bovespa, entre os anos de 1996 e 2005. Ao todo, são negociadas 45 ações de empresas brasileiras em Nova York e 300 na Bolsa paulista.

Já a Bovespa negociou por dia em 2005 um volume de US$ 569 milhões, o que significa um crescimento de 63% em relação ao ano anterior --a média de 2004 foi de US$ 348 milhões. Se for considerado o montante negociado em moeda brasileira, o crescimento é menor, em razão da desvalorização do dólar, que foi superior a 12% neste ano. Em real, o volume médio negociado por dia na Bovespa subiu de R$ 1 bilhão em 2004 para R$ 1,37 bilhão, uma expansão de 37%.

De acordo com o trabalho da Economática, o crescimento dos ADRs foi tão significativo que, em outubro, foi batido o recorde em volume diário de negócios, atingindo o pico de US$ 699 milhões. Até então, o recorde tinha sido de US$ 620 milhões, alcançado em novembro de 1997, quando os papéis das brasileiras estavam a todo o vapor em Nova York. Em alguns momentos, naquele ano, a Telebrás chegou a ser o ativo mais negociado em Wall Street.

São vários os motivos que explicam esse interesse do mercado internacional pelas ações de empresas brasileiras, na opinião da Economática. Em primeiro lugar, o desaquecimento nos Estados Unidos provocado pelo aumento de juros promovido pelo Fed (banco central americano), diante da ameaça de alta da inflação.

Além disso, não se pode perder de vista o fato de os preços das ações das grandes empresas brasileiras serem considerados bastante atrativos para o investidor externo, a exemplo do que aconteceu em outros países emergentes. As empresas brasileiras registraram os maiores lucros da história, tanto as do setor produtivo como as do financeiro. "Nunca se lucrou tanto na história do mercado aberto", afirma Rivero.

Tudo isso, segundo Rivero, fez com que aumentasse o apetite dos investidores estrangeiros por ações de empresas brasileiras. Tanto que a Bovespa registrou o mesmo movimento dos investidores estrangeiros . Em 2005, houve recorde de ingresso de investimentos externos na Bolsa.

Sem ameaça

O fato de o volume de ADRs ter se aproximado do total negociado no mercado à vista na Bovespa não significa, no entanto, que um dia o volume de negócios em ações de empresas brasileiras em Nova York será maior do que o total movimentado por aqui.

Segundo Raymundo Magliano, presidente da Bovespa, a tendência, inclusive, é de o volume em ADR cair em relação ao total negociado na Bovespa. Muitas empresas que lançam ações na Bovespa, como a Arcelor, por exemplo, a maior siderúrgica do país e uma das maiores do mundo, restringiu o lançamento de ações à Bovespa e já comunicou que não fará emissão em Nova York.

No ano passado, a Bovespa registrou cerca de 20 lançamentos de ações, entre eles os de empresas como Submarino, ALL Logística, Gol e TAM. Esses lançamentos somaram R$ 15,6 bilhões, sendo que, desse total, os estrangeiros compraram 59,76% da oferta. Em algumas companhias, como Localiza, AES Tietê e Unibanco, eles adquiriram mais de 80% do total distribuído em ações. O detalhe é que, dessa montanha de lançamentos, apenas a Gol emitiu ADRs em Nova York.

De acordo com Ricardo Nogueira, superintendente operacional da Bovespa, depois que as aplicações no mercado de ações no Brasil ficaram isentas da cobrança da CPMF, os estrangeiros não têm mais restrições para aplicar na Bovespa. Não foi por outra razão que os investidores de fora responderam por 35% do total negociado na Bolsa em 2005.

Além disso, há, segundo Nogueira, um certo desestímulo das empresas brasileiras a lançarem ações em Nova York, em razão das exigências da Lei Sarbanes-Oxley. Para se adaptarem à nova lei, são obrigadas a implantar novos processos contábeis, de gestão e de controles de risco que pesam bastante no bolso.

"As empresas estão preferindo ficar por aqui mesmo", afirma Raymundo Magliano.

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