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03/02/2006 - 11h45

Brasil Telecom demite 800 devido a avanço de celular e banda larga

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JANAINA LAGE
da Folha Online, no Rio

A Brasil Telecom confirmou os rumores do mercado e anunciou hoje o corte de 12% do seu quadro pessoal. A empresa vai demitir cerca de 800 pessoas dos 6.700 funcionários. O objetivo da medida é ganhar eficiência num cenário de redução de receitas de telefonia fixa.

Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a Brasil Telecom informa que as mudanças incluem a unificação do marketing e da força de venda nas áreas de telefonia fixa, móvel e banda larga. "A reorganização elimina sobreposições de atividades e processos em diversas áreas", diz o comunicado.

A telefonia fixa responde pela maior parte da receita da Brasil Telecom. De 2000 a 2004, no entanto, as receitas de linhas fixas caíram num ritmo de 6,2% ao ano, seguindo uma tendência mundial. De acordo com a apresentação a investidores realizada em dezembro, a companhia identifica a telefonia fixa como um negócio em declínio, afetado pela migração de fixo para móvel e também para VoIP no futuro (que faz chamadas por meio de redes de dados com custo bem menor ao consumidor).

"O mercado de telefonia fixa está bastante saturado: tem perspectiva de reajuste de tarifa muito baixa e de redução do tráfego. A empresa precisa buscar novos nichos para gerar valor", afirmou Felipe Cunha, analista de telecomunicações do banco

Brascan

A própria Brasil Telecom já tem investido mais em novos segmentos, que apresentam crescimento da receita. Ela já ultrapassou 1 milhão de clientes em internet banda larga, 2 milhões de usuários de celular e acaba de entrar no mercado de VoIP.

Segundo Cunha, a redução de pessoal já estava prevista desde 19 de dezembro, quando a nova direção da companhia, que assumiu a empresa em 30 de setembro após a saída do Opportunity, apresentou a investidores as estratégias e projeções para 2006. "O corte é favorável para a empresa porque essa redução é capaz de gerar um aumento de 0,4 ponto percentual a 0,5 ponto percentual na margem Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização], desconsiderados os custos pontuais de demissão", disse.

O analista avalia que os efeitos da nova administração da companhia, que tenta renegociar contratos, só poderão ser percebidos a partir dos resultados do primeiro trimestre desse ano.

O mercado financeiro recebeu bem a notícia: as ações da empresa subiram 1,96%. Desde que a Brasil Telecom anunciou aos investidores em dezembro que previa manutenção da margem Ebitda e até mesmo uma leve queda, as ações da empresa já caíram pouco mais de 20%, num período em que o Ibovespa registrou alta de 13%.

Além das projeções cautelosas, a companhia informou no início do ano que pretende constituir provisões de R$ 622 milhões destinadas ao pagamento de processos judiciais trabalhistas e previdenciários, a ajustes nos cálculos atuariais da Fundação BrT Prev e a estornos de créditos fiscais. Para Alex Pardellas, analista da ABN Amro Real Corretora, a redução de pessoal terá efeito benéfico sobre os papéis da companhia e ela tem espaço para valorização por ter ficado para trás no período de alta da Bolsa.

Analistas dizem que as demissões podem colocar a Brasil Telecom em linha com a estrutura enxuta de outras operadoras, como a Telemar. Com base nos primeiros nove meses do ano passado, o gasto de pessoal da Telemar representou 4% da receita líquida da companhia. Os gastos da Brasil Telecom representaram 6%.
 

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