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08/03/2006
-
12h42
DANIEL CASTRO
Colunista da Folha de S.Paulo
A curto prazo, a TV digital vai mudar pouca coisa na vida do telespectador. A tão falada "revolução" só ocorrerá com o aumento da produção de conteúdo de alta definição, com o desenvolvimento de aplicações de interatividade e com a venda de aparelhos que faça a convergência de mídias (ou seja, que reúna televisão, internet e telefonia) a preços acessíveis.
Se o governo anunciar agora a opção pelo padrão de modulação japonês, as redes prometem inaugurar as transmissões digitais em 7 de setembro. A Globo articula um jogo da seleção brasileira. Pouco antes, na Copa do Mundo, já deverão ocorrer transmissões experimentais, mas com recepção em pontos específicos --não na sua casa.
Para receber sinal digital já em setembro, o telespectador precisará gastar no mínimo R$ 200. Essa é a estimativa otimista do preço mais barato das caixas decodificadoras (set-top boxes). Qualquer televisor comprado nesta década poderá ser transformado em digital com uma caixa dessas. Uma TV de tela plana já terá um ganho surpreendente. A principal diferença será no formato de tela. Vigorará o formato 16:9, na mesma proporção das telas de cinema.
No mercado de fabricantes de eletroeletrônicos, no entanto, há uma dúvida crucial: pode faltar tempo para a indústria produzir set-top boxes em escala suficiente para vendê-las, já em setembro, a preços competitivos. Os fabricantes afirmam que precisam de pelo menos um ano, após a decisão do sistema de TV digital, para começarem a produzir televisores e set-top boxes em escala.
O principal argumento das redes na defesa do padrão japonês é que elas oferecerão imagens de alta definição (HDTV), muito superiores às dos DVDs. Mas não se anime. Em 7 de setembro, as redes já transmitirão em sinal digital, mas pouquíssima coisa será em alta definição. A Globo ainda não produz novelas em HDTV. Só seriados como "A Diarista".
Além disso, são poucos os modelos de TV já disponíveis e realmente prontos para receber em HDTV --e custam a partir de R$ 15 mil. Alguns modelos de plasma e LCD estão sendo vendidos como "ready to HDTV", mas não são. Antes de comprar, verifique qual a resolução das imagens. Só são realmente HDTV os que oferecem definição de 1.080 linhas.
Um sistema de TV digital é composto por quatro elementos: o padrão de modulação, o padrão de codificação, o "middleware" (o sistema operacional, algo como um Windows da TV digital) e a linha de retorno (como se dará a volta da interatividade). Há dúvidas se o governo federal definirá já o middleware, em que se rodarão softwares de interatividade.
A tendência é o governo optar por um middleware nacional, desenvolvido por universidades brasileiras. Como essas tecnologias ainda não foram testadas, há um certo medo rondando as redes de TV. Teme-se, por exemplo, que o middleware nacional seja suscetível a ataques de hackers.
Além disso, a TV digital será implantada gradualmente em todo o país. Primeiro, as redes instalarão novos transmissores em São Paulo, depois no Rio e nas principais capitais. Deverá levar mais de dez anos para cobrir todo o país.
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A curto prazo, a TV digital vai mudar pouca coisa na vida do telespectador. A tão falada "revolução" só ocorrerá com o aumento da produção de conteúdo de alta definição, com o desenvolvimento de aplicações de interatividade e com a venda de aparelhos que faça a convergência de mídias (ou seja, que reúna televisão, internet e telefonia) a preços acessíveis.
Se o governo anunciar agora a opção pelo padrão de modulação japonês, as redes prometem inaugurar as transmissões digitais em 7 de setembro. A Globo articula um jogo da seleção brasileira. Pouco antes, na Copa do Mundo, já deverão ocorrer transmissões experimentais, mas com recepção em pontos específicos --não na sua casa.
Para receber sinal digital já em setembro, o telespectador precisará gastar no mínimo R$ 200. Essa é a estimativa otimista do preço mais barato das caixas decodificadoras (set-top boxes). Qualquer televisor comprado nesta década poderá ser transformado em digital com uma caixa dessas. Uma TV de tela plana já terá um ganho surpreendente. A principal diferença será no formato de tela. Vigorará o formato 16:9, na mesma proporção das telas de cinema.
No mercado de fabricantes de eletroeletrônicos, no entanto, há uma dúvida crucial: pode faltar tempo para a indústria produzir set-top boxes em escala suficiente para vendê-las, já em setembro, a preços competitivos. Os fabricantes afirmam que precisam de pelo menos um ano, após a decisão do sistema de TV digital, para começarem a produzir televisores e set-top boxes em escala.
O principal argumento das redes na defesa do padrão japonês é que elas oferecerão imagens de alta definição (HDTV), muito superiores às dos DVDs. Mas não se anime. Em 7 de setembro, as redes já transmitirão em sinal digital, mas pouquíssima coisa será em alta definição. A Globo ainda não produz novelas em HDTV. Só seriados como "A Diarista".
Além disso, são poucos os modelos de TV já disponíveis e realmente prontos para receber em HDTV --e custam a partir de R$ 15 mil. Alguns modelos de plasma e LCD estão sendo vendidos como "ready to HDTV", mas não são. Antes de comprar, verifique qual a resolução das imagens. Só são realmente HDTV os que oferecem definição de 1.080 linhas.
Um sistema de TV digital é composto por quatro elementos: o padrão de modulação, o padrão de codificação, o "middleware" (o sistema operacional, algo como um Windows da TV digital) e a linha de retorno (como se dará a volta da interatividade). Há dúvidas se o governo federal definirá já o middleware, em que se rodarão softwares de interatividade.
A tendência é o governo optar por um middleware nacional, desenvolvido por universidades brasileiras. Como essas tecnologias ainda não foram testadas, há um certo medo rondando as redes de TV. Teme-se, por exemplo, que o middleware nacional seja suscetível a ataques de hackers.
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