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08/03/2006
-
18h54
PATRICIA ZIMMERMANN
da Folha Online, em Brasília
A escolha brasileira sobre o padrão tecnológico da TV digital obedece a quatro critérios, o que significa dizer que a evolução tecnológica terá que oferecer aos usuários da TV aberta transmissões em alta definição, interatividade (comunicação e até acesso à internet pela TV), portabilidade (recepção no celular) e mobilidade (recepção em ônibus, por exemplo). Tecnicamente todos os sistemas teriam condições de atender a esses requisitos, mas uns privilegiam determinadas características em detrimento de outras. Além da avaliação técnica, no entanto, também entram na discussão as contrapartidas oferecidas por cada sistema, já que o país pretende aproveitar a evolução tecnológica para incentivar a produção nacional de chips (semicondutores) e reduzir o déficit da balança comercial, diminuir o pagamento de royalties e incrementar a pesquisa tecnológica no país.
Confira as características de cada um.
Americano
ATSC (Advanced Television Systems Committee) é a associação formada por aproximadamente 140 empresas das áreas de radiodifusão e fornecedores de equipamentos eletrônicos que representam o padrão americano da TV digital.
Esse foi o primeiro padrão descartado pelo governo brasileiro, pois não teria condições de mostrar imediatamente testes sobre as transmissões com mobilidade (em ônibus, por exemplo). As experiências com esses aplicativos serão feitos somente no fim do primeiro semestre deste ano.
O sistema privilegia as transmissões em alta definição e também a interatividade.
O governo americano ficou praticamente fora das negociações com o Brasil, que foram conduzidas pela indústria. Os representantes do ATSC foram os que menos demonstraram interesse em oferecer contrapartidas comerciais e de investimento, e as negociações com o governo brasileiro não decolaram.
Europeu
DVB (Digital Video Broadcasting) é um consórcio de aproximadamente 270 empresas de radiodifusão e fornecedores de equipamentos europeus. Fazem parte empresas como Nokia e Siemens e redes de televisão como BBC (Inglaterra).
O sistema privilegia a programação múltipla, o que é visto como oportunidade para as ONGs (Organizações não Governamentais) e pelas teles, interessadas em novos canais de conteúdo.
Entretanto, a tecnologia não agrada às grandes redes de TV, pois elas teriam, em tese, que dividir o espaço que ocupam hoje no espectro (6 MHz) com outros produtores de conteúdo, e também o mercado publicitário.
Em tese, esse sistema vincularia a transmissão móvel às redes das teles celulares, já que o sistema demandaria a utilização de uma estrutura em separado para as transmissões destinadas a receptores móveis, o que garantiria a participação dessas empresas no negócio.
O conversor europeu seria o mais barato para o usuário entre os sistemas estudados pelo governo brasileiro, segundo relatório das pesquisas coordenadas pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).
O governo ainda avalia os testes de robustez (capacidade de transmissão sem interrupções em longa distância e diante de obstáculos como o espectro congestionado da Grande São Paulo).
Representantes da indústria européia formaram uma "coalizão" em defesa do seu sistema, mas o governo não foi divulgada oferta comercial relevante para a justificar a sua escolha.
Japonês
ISDB(Integrated Service Digital Broadcasting) é o padrão defendido pelas grandes redes de TV. Elas alegam que essa seria a tecnologia que melhor atenderia aos requisitos de alta definição (mas também com possibilidade de transmissão em definição standard, com qualidade inferior, para permitir a múltipla programação), além da portabilidade e mobilidade em 6 MHz, mesma quantidade do espectro utilizada hoje pelas emissoras.
Entretanto, o relatório do CPqD aponta que o conversor para o padrão ISDB seria o mais caro para o consumidor.
Ao privilegiar a alta definição, o sistema também poderá dificultar a entrada de novos concorrentes (novos canais de TV). Isso porque, para transmitir em alta definição não seria possível dividir a programação, já que esse tipo de transmissão demandaria a utilização de toda a banda de espectro (6 MHz). Em definição standard, esse mesmo espectro poderia ser dividido em até quatro canais, mas as emissoras estimam que o mercado publicitário também seria dividido, o que seria interessante do ponto de vista da produção cultural, mas afetaria a rentabilidade das redes de TV.
Como o sistema europeu poderia subdividir a faixa de 6 MHz para transmissão para aparelhos portáteis e outros aplicativos, com a evolução tecnológica futura ele poderia, em tese, ficar independe das redes das teles celulares.
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da Folha Online, em Brasília
A escolha brasileira sobre o padrão tecnológico da TV digital obedece a quatro critérios, o que significa dizer que a evolução tecnológica terá que oferecer aos usuários da TV aberta transmissões em alta definição, interatividade (comunicação e até acesso à internet pela TV), portabilidade (recepção no celular) e mobilidade (recepção em ônibus, por exemplo). Tecnicamente todos os sistemas teriam condições de atender a esses requisitos, mas uns privilegiam determinadas características em detrimento de outras. Além da avaliação técnica, no entanto, também entram na discussão as contrapartidas oferecidas por cada sistema, já que o país pretende aproveitar a evolução tecnológica para incentivar a produção nacional de chips (semicondutores) e reduzir o déficit da balança comercial, diminuir o pagamento de royalties e incrementar a pesquisa tecnológica no país.
Confira as características de cada um.
Americano
ATSC (Advanced Television Systems Committee) é a associação formada por aproximadamente 140 empresas das áreas de radiodifusão e fornecedores de equipamentos eletrônicos que representam o padrão americano da TV digital.
Esse foi o primeiro padrão descartado pelo governo brasileiro, pois não teria condições de mostrar imediatamente testes sobre as transmissões com mobilidade (em ônibus, por exemplo). As experiências com esses aplicativos serão feitos somente no fim do primeiro semestre deste ano.
O sistema privilegia as transmissões em alta definição e também a interatividade.
O governo americano ficou praticamente fora das negociações com o Brasil, que foram conduzidas pela indústria. Os representantes do ATSC foram os que menos demonstraram interesse em oferecer contrapartidas comerciais e de investimento, e as negociações com o governo brasileiro não decolaram.
Europeu
DVB (Digital Video Broadcasting) é um consórcio de aproximadamente 270 empresas de radiodifusão e fornecedores de equipamentos europeus. Fazem parte empresas como Nokia e Siemens e redes de televisão como BBC (Inglaterra).
O sistema privilegia a programação múltipla, o que é visto como oportunidade para as ONGs (Organizações não Governamentais) e pelas teles, interessadas em novos canais de conteúdo.
Entretanto, a tecnologia não agrada às grandes redes de TV, pois elas teriam, em tese, que dividir o espaço que ocupam hoje no espectro (6 MHz) com outros produtores de conteúdo, e também o mercado publicitário.
Em tese, esse sistema vincularia a transmissão móvel às redes das teles celulares, já que o sistema demandaria a utilização de uma estrutura em separado para as transmissões destinadas a receptores móveis, o que garantiria a participação dessas empresas no negócio.
O conversor europeu seria o mais barato para o usuário entre os sistemas estudados pelo governo brasileiro, segundo relatório das pesquisas coordenadas pelo CPqD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações).
O governo ainda avalia os testes de robustez (capacidade de transmissão sem interrupções em longa distância e diante de obstáculos como o espectro congestionado da Grande São Paulo).
Representantes da indústria européia formaram uma "coalizão" em defesa do seu sistema, mas o governo não foi divulgada oferta comercial relevante para a justificar a sua escolha.
Japonês
ISDB(Integrated Service Digital Broadcasting) é o padrão defendido pelas grandes redes de TV. Elas alegam que essa seria a tecnologia que melhor atenderia aos requisitos de alta definição (mas também com possibilidade de transmissão em definição standard, com qualidade inferior, para permitir a múltipla programação), além da portabilidade e mobilidade em 6 MHz, mesma quantidade do espectro utilizada hoje pelas emissoras.
Entretanto, o relatório do CPqD aponta que o conversor para o padrão ISDB seria o mais caro para o consumidor.
Ao privilegiar a alta definição, o sistema também poderá dificultar a entrada de novos concorrentes (novos canais de TV). Isso porque, para transmitir em alta definição não seria possível dividir a programação, já que esse tipo de transmissão demandaria a utilização de toda a banda de espectro (6 MHz). Em definição standard, esse mesmo espectro poderia ser dividido em até quatro canais, mas as emissoras estimam que o mercado publicitário também seria dividido, o que seria interessante do ponto de vista da produção cultural, mas afetaria a rentabilidade das redes de TV.
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