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14/03/2006
-
09h15
ADRIANA MATTOS
da Folha de S.Paulo
Todas as classes socioeconômicas registraram ganhos no consumo no ano passado, quando o PIB do país teve uma pequena alta de 2,3%. A diferença foi a intensidade desse crescimento, informa levantamento anual da consultoria LatinPanel publicado ontem.
Pelo segundo ano consecutivo, em 2005 a classe média classificada como C --com renda mensal familiar entre 4 e 10 salários mínimos-- comprou e gastou mais. Isso só aconteceu porque essa turma se endividou para gastar, explica a LatinPanel.
A expansão na quantidade de itens comprados nas lojas por esses consumidores C foi de 7%. Quanto ao gasto médio, a alta foi de 10% em relação a 2004 (nominal). Na média, todas as classes sociais (de A a E) registraram elevação média de 6% no volume adquirido e de 9% no montante gasto no ano passado --abaixo, portanto, do desempenho do grupo de consumidores da classe C.
Outra conclusão da pesquisa é a de que, na cidade de São Paulo, a quantidade de itens comprados por todas as classes e o volume gasto supera a média nacional.
Pelas contas dos pesquisadores da LatinPanel, enquanto o topo da pirâmide social (classes A e B) gasta por mês em compras R$ 2.256, a sua renda está acima disso e, portanto, a conta "fecha". Já quem está no meio da pirâmide (classe C) recebe R$ 1.255 mensais e desembolsa R$ 1.369. Ou seja, não há mágica: falta dinheiro. "Esse grupo recebe como classe C e pensa e gasta como A. Sem saída, acaba se endividando", diz Margareth Ikeda Utimura, diretora comercial da LatinPanel.
"Atualmente, o comprador da classe C adquire 42 das 45 categorias mais consumidas pela A e B, como condicionador, suco pronto, pós-xampu."
Nessa conta, para acomodar despesas e rendimento, a classe média brasileira está com mais dívidas em comparação aos dois extremos da pirâmide, as classes A e E. Foram pesquisados 35 milhões de domicílios no país em 71 categorias de produtos em julho e agosto.
Os campeões de venda
Mesmo tendo de recorrer a mecanismos de crédito para consumir, é inegável que a elevação na renda ajudou a população a gastar mais. O IBGE apurou elevação de 2% no rendimento real em 2005. Pela análise da LatinPanel, a alta foi de 4%. Mais de 1,8 milhão de lares que não compravam nenhuma das 71 categorias pesquisadas voltou a consumi-las --ou o fez pela primeira vez-- em 2005. Cerca de 300 mil domicílios retornaram ao mercado por causa das promoções no comércio.
Os maiores crescimentos na demanda (em variação percentual) em 2005 foram, pela ordem: suco em pó, desodorante, pós-xampu, massa instantânea, catchup, salgadinhos, petit suisse (iogurte infantil), caldos, sucos prontos e xampu. Por segmento, o campeão de vendas no ano foi higiene e beleza (alta de 11%). Alimentos teve o pior resultado (4%).
Esses números apresentados ontem ganham importância porque: 1) a base de comparação de 2004 é forte, logo, houve expansão na demanda em cima de outra expansão; 2) revela uma tendência para 2006 --espera-se que esse cenário de altas nas vendas, com base em crédito barato, mantenha-se neste ano para a classe média.
"Surpreendemo-nos com essa puxada no consumo da classe C. Ainda acreditamos que será o crédito que vai sustentar essa alta também em 2006, com a possível queda nos juros, somada a algum ganho de renda", diz Utimura. Há uma expectativa de que a expansão no PIB neste ano atinja até 4%, pelas previsões do mercado.
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Erramos: Classe C puxa alta generalizada do consumo
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da Folha de S.Paulo
Todas as classes socioeconômicas registraram ganhos no consumo no ano passado, quando o PIB do país teve uma pequena alta de 2,3%. A diferença foi a intensidade desse crescimento, informa levantamento anual da consultoria LatinPanel publicado ontem.
Pelo segundo ano consecutivo, em 2005 a classe média classificada como C --com renda mensal familiar entre 4 e 10 salários mínimos-- comprou e gastou mais. Isso só aconteceu porque essa turma se endividou para gastar, explica a LatinPanel.
A expansão na quantidade de itens comprados nas lojas por esses consumidores C foi de 7%. Quanto ao gasto médio, a alta foi de 10% em relação a 2004 (nominal). Na média, todas as classes sociais (de A a E) registraram elevação média de 6% no volume adquirido e de 9% no montante gasto no ano passado --abaixo, portanto, do desempenho do grupo de consumidores da classe C.
Outra conclusão da pesquisa é a de que, na cidade de São Paulo, a quantidade de itens comprados por todas as classes e o volume gasto supera a média nacional.
Pelas contas dos pesquisadores da LatinPanel, enquanto o topo da pirâmide social (classes A e B) gasta por mês em compras R$ 2.256, a sua renda está acima disso e, portanto, a conta "fecha". Já quem está no meio da pirâmide (classe C) recebe R$ 1.255 mensais e desembolsa R$ 1.369. Ou seja, não há mágica: falta dinheiro. "Esse grupo recebe como classe C e pensa e gasta como A. Sem saída, acaba se endividando", diz Margareth Ikeda Utimura, diretora comercial da LatinPanel.
"Atualmente, o comprador da classe C adquire 42 das 45 categorias mais consumidas pela A e B, como condicionador, suco pronto, pós-xampu."
Nessa conta, para acomodar despesas e rendimento, a classe média brasileira está com mais dívidas em comparação aos dois extremos da pirâmide, as classes A e E. Foram pesquisados 35 milhões de domicílios no país em 71 categorias de produtos em julho e agosto.
Os campeões de venda
Mesmo tendo de recorrer a mecanismos de crédito para consumir, é inegável que a elevação na renda ajudou a população a gastar mais. O IBGE apurou elevação de 2% no rendimento real em 2005. Pela análise da LatinPanel, a alta foi de 4%. Mais de 1,8 milhão de lares que não compravam nenhuma das 71 categorias pesquisadas voltou a consumi-las --ou o fez pela primeira vez-- em 2005. Cerca de 300 mil domicílios retornaram ao mercado por causa das promoções no comércio.
Os maiores crescimentos na demanda (em variação percentual) em 2005 foram, pela ordem: suco em pó, desodorante, pós-xampu, massa instantânea, catchup, salgadinhos, petit suisse (iogurte infantil), caldos, sucos prontos e xampu. Por segmento, o campeão de vendas no ano foi higiene e beleza (alta de 11%). Alimentos teve o pior resultado (4%).
Esses números apresentados ontem ganham importância porque: 1) a base de comparação de 2004 é forte, logo, houve expansão na demanda em cima de outra expansão; 2) revela uma tendência para 2006 --espera-se que esse cenário de altas nas vendas, com base em crédito barato, mantenha-se neste ano para a classe média.
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