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23/03/2006 - 19h17

China deve se tornar maior economia mundial até 2040, diz jornalista

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da Folha Online

A jornalista Cláudia Trevisan, ex-correspondente da Folha em Pequim, acredita que a China deverá desbancar os Estados Unidos e tornar-se a maior economia mundial entre 2030 e 2040.

Durante bate-papo com 320 internautas, Cláudia, repórter de Dinheiro da Folha e autora do livro "China - O Renascimento do Império" (Planeta), lembrou que o país asiático foi o que mais cresceu nos últimos 25 anos e já ultrapassou Itália, França e Inglaterra, tornando-se a quarta maior economia do mundo.

Folha Imagem
A repórter Claudia Trevisan, que participa de bate-papo
A repórter Claudia Trevisan, que participou de bate-papo
A jornalista afirmou, no entanto, que o país não vai obrigatoriamente tomar o lugar dos EUA como potência hegemônica mundial. "Como tem a maior população do mundo, a China poderá ter o maior PIB, mas não necessariamente a maior renda per capita do mundo", afirmou.

O PIB chinês registrou expansão de 9,9% no ano passado e tem crescido com taxas próximas a 10% há vários anos. Na última década, a economia local dobrou de tamanho. Em 2004, o PIB do país havia avançado 10,1%.

Cláudia afirmou que o país representa uma "ameaça" ao setor industrial de todo o mundo por conseguir produzir bens altamente competitivos devido à mão-de-obra barata e ao câmbio desvalorizado.

Sobre um suposto regime de escravidão a que seriam submetidos os trabalhadores chineses, ela se disse "cautelosa em falar de trabalho escravo", admitiu que muito funcionários são submetidos a "condições severas", mas lembrou que houve uma evolução no mercado de trabalho nos últimos anos.

"Os salários são muito baixos, mas a renda per capita dos chineses como um todo melhorou desde que o país iniciou o processo de reformas econômicas, em 1979", afirmou. "Se compararmos a China de hoje com a China de 30 anos atrás, o cenário é bem melhor hoje."

O outro pilar da competitividade chinesa, o yuan desvalorizado, deve se manter com um cotação favorável ao setor produtivo. "Em meados do ano passado eles [os governantes chineses] permitiram a primeira valorização do yuan em uma década, mas ela foi de apenas 2,1%. Eles vão continuar a tratar desse assunto com cautela e fazer ajustes graduais. Não creio que haverá uma megadesvalorização."

Brasil

Cláudia também afirmou que uma das principais diferenças entre Brasil e China, que refletem nos índices de crescimento dos dois países, é o câmbio.

Segundo ela, uma das razões pelas quais o Brasil não consegue ter um crescimento expressivo como a China reflete a decisão do governo de deixar o real valorizado ante o dólar enquanto a China resiste às pressões externas para valorizar o yuan.

O Brasil, entretanto, consegue se beneficiar do crescimento chinês com o aumento das exportações de minério de ferro e soja. "O grande risco para o Brasil é se tornar um exportador apenas de matérias-primas e alimentos não elaborados, enquanto compra quantidades cada vez maiores de produtos industrializados da China."

"Economia de mercado socialista"

Cláudia também comentou durante o bate-papo da Folha Online a aparente contradição entre a economia capitalista e a política autoritária do Partido Comunista chinês.

"O que o Partido Comunista está tentando fazer na China é usar os mecanismos de mercado próprios do capitalismo sem adotar as instituições políticas que acompanham esses mecanismos nos países ocidentais (eleições livres, separação de poderes, imprensa livre etc). Eles chamam seu sistema de 'economia de mercado socialista'", afirmou.

Entretanto, sobraram críticas à política de direitos humanos do país asiático. "Há prisões arbitrárias, envio de pessoas para campos de trabalho forçado, uso de hospitais psiquiátricos para presos políticos etc. O país também é criticado pelo amplo uso da pena de morte. A cada ano, a China executa um número de prisioneiros maior que os que são executados no restante do mundo."

Além disso, para a jornalista, a corrupção na política chinesa é superior à brasileira. "A China tem índices de corrupção muito mais alarmantes que os do Brasil, com o agravante de que não há imprensa livre, Ministério Público nem Judiciário independente para coibir abusos. O próprio Partido Comunista reconhece que o grau de corrupção de seus integrantes é uma das principais ameaças à sua continuidade no poder. Várias dinastias chinesas caíram pela corrupção de seus dirigentes e o mesmo destino pode acometer os comunistas."

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  • Confira a íntegra do bate-papo com Cláudia Trevisan

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