Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
31/03/2006 - 09h42

Mercado recebe bem indicações de Mantega

Publicidade

SHEILA D'AMORIM
da Folha S.Paulo, em Brasília

O ministro Guido Mantega (Fazenda) divulgou ontem o nome de seus dois principais auxiliares: Bernard Appy, 44, será o secretário-executivo e Carlos Kawall, 44, ocupará a Secretaria do Tesouro Nacional. Analistas do mercado financeiro receberam bem as escolhas.

Com a indicação de Kawall, Mantega procurou reforçar seu discurso de compromisso com as metas de ajuste fiscal e deu um passo para diluir parte das dúvidas que ainda persistem no mercado sobre a sua atuação à frente do ministério. Ele é um nome respeitado e com credibilidade perante a comunidade financeira.

Economista-chefe do Citibank por oito anos, ele é visto por amigos como uma pessoa "avessa a aventuras" e comunga da tese de que é necessário equilibrar as contas públicas e reduzir a dívida do governo.

No entanto, também é visto com um viés mais desenvolvimentista do que seu antecessor, Joaquim Levy, que está indo para o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Kawall e Appy foram os dois primeiros nomes da nova equipe econômica anunciados pelo novo ministro. Appy, que até ontem estava à frente da Secretaria de Política Econômica (SPE) do ministério, retornará para o cargo que ocupou entre janeiro de 2003 a maio do ano passado.

Segundo Mantega, ele e Appy têm um bom relacionamento, que começou antes mesmo de ocuparem cargos públicos. A relação foi reforçada quando Mantega assumiu o Ministério do Planejamento no início do governo Lula. Como Appy era o secretário-executivo da Fazenda, os dois tinham contato direto.

Economista formado pela Universidade de São Paulo, Appy trabalhou na LCA Consultores antes de ir para o governo. Realizou vários trabalhos sobre finanças públicas e sistema financeiro. Também desenvolveu estudos sobre competitividade e prestou assessoria técnica em disputas judiciais relacionadas à concorrência.

Até Mantega encontrar um novo nome para a SPE, o cargo será ocupado interinamente pelo secretário-adjunto Otávio Ribeiro Damásio. Mantega disse que pretende concluir a formação da sua equipe na semana que vem.

Segundo ele, ainda é preciso conversar com os demais secretários para saber quem pretende ficar.

Nessa lista estão os secretários da Receita Federal, Jorge Rachid, de Assuntos Internacionais, Luiz Pereira, e o procurador-geral da Fazenda Nacional (PGFN), Manoel Felipe Brandão.

É provável ainda que Mantega conte na sua equipe com a economista Solange de Paiva Vieira, que foi secretária de Previdência Complementar (SPC) do Ministério da Previdência no governo Fernando Henrique Cardoso.

Paiva, que assessorava o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Nelson Jobim, esteve reunida com Mantega no início da noite da última quarta-feira. Segundo a Folha apurou, ela já estava negociando com o ex-secretário-executivo da Fazenda Murilo Portugal sua ida para o ministério. Nesta semana, Mantega disse que gostaria de tê-la na equipe.

Appy assumirá sua nova função imediatamente. Já Carlos Kawall irá para o ministério somente na segunda-feira. Primeiro, terá que se desvincular do BNDES, onde é diretor na área financeira e de mercado de capitais.

O economista foi convidado para o BNDES por Mantega e lá estabeleceram uma parceria que "funcionou", segundo contam pessoas próximas ao ministro. Ao anunciar seu nome para a Secretaria do Tesouro, Mantega ressaltou as qualidades do economista e também o fato de ele ter experiência nas áreas pública e privada.

"[Kawall] está muito preparado para o cargo. Trabalhou no Citibank e também no Banespa e na Eletropaulo. Tem experiência pública e privada", disse o ministro.

Formado pela Universidade de São Paulo, em 1982, Kawall fez mestrado e doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp) onde defendeu teses sobre política industrial e mercado de crédito de longo prazo no Brasil.
Ele também dá aula na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo na área de finanças públicas.

Além de ser bem aceito no mercado financeiro, Kawall deverá ser uma peça importante para "acertar" o relacionamento entre a Fazenda e o Banco Central. Mantega tem dado sinais de que não pretende "provocar brigas" ou "acirrar ânimos". Ao contrário, pessoas que já trabalharam com ele afirmam que o ministro sabe atuar em equipe.

No entanto, ele teria achado "pouco educada" a estratégia acertada entre o presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ex-ministro Antonio Palocci Filho de vincular a presidência do BC diretamente ao presidente da República, como se, na prática, ele não tivesse que passar pela Fazenda.

Isso foi interpretado como uma tentativa de se impor. Ainda assim, ontem, ao ser questionado sobre a equipe do BC, Mantega respondeu imediatamente: "O BC não é minha atribuição".

Leia mais
  • Mantega deve aprovar uma redução menor da TJLP
  • Dólar cai com expectativa sobre primeira medida de Mantega
  • Petróleo cai abaixo de US$ 67 com venda de contratos

    Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre Guido Mantega
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página