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19/04/2006
-
19h00
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília
O Banco Central reduziu hoje a taxa de juros da economia brasileira, que voltou ao patamar de cinco anos atrás. O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, por unanimidade, cortar a taxa básica em 0,75 ponto percentual, para 15,75% ao ano, a mesma da reunião de março de 2001.
"Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da Política monetária iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 15,75% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", diz a nota divulgada pelo Banco Central após a reunião de hoje.
Como na maior parte das reuniões do Copom, a decisão já era esperada pelos analistas do mercado financeiro.
Esse foi o sétimo corte consecutivo e o terceiro dessa magnitude. O primeiro corte, promovido em setembro do ano passado, foi de 0,25 ponto percentual. Os quatro seguintes foram de meio ponto. Neste ano, na reunião de janeiro, o Copom aumentou o corte para 0,75 ponto percentual e o mesmo aconteceu no encontro de março. Isso ocorreu porque as reuniões do colegiado deixaram de ser mensais e passaram a ocorrer a cada 45 dias, em média.
Com a decisão de hoje, a taxa de juros já caiu quatro pontos percentuais desde o início do processo de corte.
O corte de apenas 0,75 ponto percentual pode ser considerado conservador por analistas, já que a trajetória de inflação caminha para a meta, que é 4,5% medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) --com uma margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.
No último levantamento feito pela autoridade monetária, o mercado financeiro esperava uma inflação de 4,43%.
A mudança no comando do Ministério da Fazenda pode ter pesado para essa decisão mais conservadora. Antonio Palocci foi demitido no dia 27 de março e foi substituído por Guido Mantega, que quando era presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criticava a condução da política monetária.
No entanto, de acordo com os dados mais recentes dos indicadores econômicos, não há sinais de que a inflação possa fugir do controle. Em março, o IPCA foi de 0,43%, contra 0,41% no mês anterior.
Além disso, o índice que mede a utilização da capacidade instalada foi de 80,9%, contra 80,6% de janeiro. Esse indicador mostra que a indústria tem capacidade de aumentar a produção no curto prazo sem causar inflação.
Durante o processo de aumento das taxas de juros, que durou nove meses e terminou em maio do ano passado, o temor do BC era que a recuperação econômica --o crescimento do PIB foi de 4,9% em 2004-- pudesse provocar um reajuste nos preços por parte da indústria, o que traria inflação. Essa pressão pode ser maior se a indústria não for capaz de atender toda a demanda.
O Copom divulga na quinta-feira da próxima semana a ata da reunião ocorrida ontem e hoje.
Consumidor
O efeito dessa redução para o consumidor será pequeno, já que a diferença entre a taxa Selic e a taxa cobrada das pessoas físicas é muito grande.
Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a taxa média das operações de crédito ao consumidor passará de 7,54% ao mês para 7,49% ao mês, ou de 139,24% ao ano para 137,91% ao ano.
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, economista da Anefac, a queda pode ser maior em alguns bancos, porque eles têm mais "gordura" para queimar.
A entidade ressalta ainda que o corte, embora pequeno, produz um efeito indireto, que é a menor rentabilidade dos títulos públicos. Como a maior parte deles é remunerada pela taxa Selic, os bancos buscarão outras aplicações com a redução dos juros, destinando mais recursos para as operações de crédito. Com mais dinheiro disponível, a tendência é que a taxa média de juros caia.
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Entenda o que acontece na economia com a redução dos juros
Para industriais, corte do juro é "insuficiente" para estimular produção
Para comércio, resultados fiscais do governo impedem queda maior do juro
Corte na Selic é insuficiente para animar setor produtivo, dizem sindicatos
Especial
Confira o que já foi publicado sobre a decisão do Copom
BC reduz juro para 15,75%, menor patamar em cinco anos
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da Folha Online, em Brasília
O Banco Central reduziu hoje a taxa de juros da economia brasileira, que voltou ao patamar de cinco anos atrás. O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu, por unanimidade, cortar a taxa básica em 0,75 ponto percentual, para 15,75% ao ano, a mesma da reunião de março de 2001.
"Dando prosseguimento ao processo de flexibilização da Política monetária iniciada na reunião de setembro de 2005, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 15,75% ao ano, sem viés, e acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", diz a nota divulgada pelo Banco Central após a reunião de hoje.
Como na maior parte das reuniões do Copom, a decisão já era esperada pelos analistas do mercado financeiro.
Esse foi o sétimo corte consecutivo e o terceiro dessa magnitude. O primeiro corte, promovido em setembro do ano passado, foi de 0,25 ponto percentual. Os quatro seguintes foram de meio ponto. Neste ano, na reunião de janeiro, o Copom aumentou o corte para 0,75 ponto percentual e o mesmo aconteceu no encontro de março. Isso ocorreu porque as reuniões do colegiado deixaram de ser mensais e passaram a ocorrer a cada 45 dias, em média.
Com a decisão de hoje, a taxa de juros já caiu quatro pontos percentuais desde o início do processo de corte.
O corte de apenas 0,75 ponto percentual pode ser considerado conservador por analistas, já que a trajetória de inflação caminha para a meta, que é 4,5% medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) --com uma margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.
No último levantamento feito pela autoridade monetária, o mercado financeiro esperava uma inflação de 4,43%.
A mudança no comando do Ministério da Fazenda pode ter pesado para essa decisão mais conservadora. Antonio Palocci foi demitido no dia 27 de março e foi substituído por Guido Mantega, que quando era presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) criticava a condução da política monetária.
No entanto, de acordo com os dados mais recentes dos indicadores econômicos, não há sinais de que a inflação possa fugir do controle. Em março, o IPCA foi de 0,43%, contra 0,41% no mês anterior.
Além disso, o índice que mede a utilização da capacidade instalada foi de 80,9%, contra 80,6% de janeiro. Esse indicador mostra que a indústria tem capacidade de aumentar a produção no curto prazo sem causar inflação.
Durante o processo de aumento das taxas de juros, que durou nove meses e terminou em maio do ano passado, o temor do BC era que a recuperação econômica --o crescimento do PIB foi de 4,9% em 2004-- pudesse provocar um reajuste nos preços por parte da indústria, o que traria inflação. Essa pressão pode ser maior se a indústria não for capaz de atender toda a demanda.
O Copom divulga na quinta-feira da próxima semana a ata da reunião ocorrida ontem e hoje.
Consumidor
O efeito dessa redução para o consumidor será pequeno, já que a diferença entre a taxa Selic e a taxa cobrada das pessoas físicas é muito grande.
Segundo cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), a taxa média das operações de crédito ao consumidor passará de 7,54% ao mês para 7,49% ao mês, ou de 139,24% ao ano para 137,91% ao ano.
Para Miguel José Ribeiro de Oliveira, economista da Anefac, a queda pode ser maior em alguns bancos, porque eles têm mais "gordura" para queimar.
A entidade ressalta ainda que o corte, embora pequeno, produz um efeito indireto, que é a menor rentabilidade dos títulos públicos. Como a maior parte deles é remunerada pela taxa Selic, os bancos buscarão outras aplicações com a redução dos juros, destinando mais recursos para as operações de crédito. Com mais dinheiro disponível, a tendência é que a taxa média de juros caia.
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