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04/05/2006 - 10h15

Governo Morales quer alta de 45% em preço do gás

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CLÁUDIA TREVISAN
FABIANO MAISONNAVE
da Folha de S.Paulo, na Bolívia

Brasil e Bolívia terão a partir de agora um duro enfrentamento na negociação do preço do gás. O governo de Evo Morales quer elevá-lo em cerca de 45%, o que significaria US$ 8,00 o milhar de metro cúbico para o consumidor final. Hoje, o gás chega a São Paulo a um preço próximo de US$ 5,50 o milhar de metro cúbico.

A pretensão boliviana foi anunciada pelo ministro de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, em entrevista coletiva concedida em uma das refinarias da Petrobras na cidade de Santa Cruz.

"Fizemos notar aos amigos da Petrobras que eles, pelos combustíveis que produzem no Brasil comparáveis com o gás boliviano, estão pagando mais de US$ 7, US$ 7,50. E, em geral, a tendência é que o preço de gás seja aumentado por seu valor ecológico, não-contaminante. Isso, do ponto de vista conceitual, significa que se deveria -e não estou dizendo que é uma coisa fechada- aumentar de US$ 5,50 para US$ 8. Deveria ser assim", declarou o ministro.

A Folha apurou que a Petrobras considera que US$ 6,00 para o consumidor final é o máximo a que pode chegar. A partir desse valor, a compra de gás boliviano se tornaria inviável do ponto de vista econômico. Tanto os US$ 8,00 pedido pelo bolivianos quanto os US$ 6,00 já incluem os custos de transporte do produto.

O problema é que o gás não é uma commoditie que a Bolívia pode vender a outro país caso o Brasil se recuse a comprá-lo. O gasoduto Bolívia-Brasil é o principal meio de transporte do produto e o Brasil, seu principal consumidor. Ainda que a Bolívia encontrasse outro mercado para o gás, haveria um longo prazo até que sua venda fosse viabilizada.

A posição do Brasil na negociação também é desconfortável. O investimento da Petrobras na Bolívia e a construção do gasoduto tornaram o país dependente da produção do país vizinho, que responde por cerca de 60% do consumo de gás no Brasil.

A Bolívia também não pode simplesmente interromper a exportação de gás ao Brasil, já que não tem capacidade de armazenamento do produto. Sua única alternativa seria queimá-lo, o que é considerado desastroso do ponto de vista político.

Apesar do confronto, o governo boliviano afirmou que o fornecimento de gás ao Brasil está garantido. Indicou ainda que a negociação de preços pode durar até o fim do ano. "A idéia é que iniciemos 2007 com novos preços, se for possível, antes", declarou o vice-presidente do país, Álvaro Garcia Linera, em entrevista ao jornal "La Razón".

O ministro de Hidrocarbonetos afirmou que o aumento do preço do gás é "muito importante" para a Bolívia. Segundo ele, cada dólar a mais no preço do produto eleva a arrecadação boliviana em US$ 350 milhões ao ano. Mesmo defendendo um aumento que está longe do visto como aceitável pela Petrobras, Soliz Rada disse acreditar que será possível chegar a "um bom equilíbrio. "Entendemos as dificuldades também expostas pela Petrobras."

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