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31/05/2006 - 09h32

PIB brasileiro cresce 1,4% no primeiro trimestre, maior alta em 1 ano e meio

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IVONE PORTES
da Folha Online, no Rio

A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre deste ano em relação aos três últimos meses de 2005, segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se do melhor desempenho desde o terceiro trimestre de 2004, quando a expansão foi de 1,5%.

A taxa do primeiro trimestre significa um crescimento anualizado de 5,7%. No ano passado, o PIB teve expansão de apenas 2,3%.

O ministro Guido Mantega (Fazenda) comemorou o resultado do primeiro trimestre, considerado por ele "bom", e previu uma expansão de 4,5% neste ano.



O resultado do trimestre ficou levemente abaixo do previsto por economistas ouvidos pela reportagem, que projetavam taxa de crescimento para o PIB (Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas por país) entre 1,5% e 1,9% no período.

Em relação ao primeiro trimestre de 2005, houve expansão de 3,4% na economia. Nos últimos 12 meses, até março, o PIB cresceu 2,4%.

Queda dos juros, aumento do crédito, expansão dos investimentos, melhora no nível de atividade industrial, crescimento das vendas do comércio, incentivos fiscais em alguns setores e aumentos de gastos públicos em ano eleitoral são os principais fatores que impulsionaram a economia do país no período.

"Houve uma confluência de fatores positivos durante o primeiro trimestre que estimulou a economia", afirmou Caio Megale, da Mauá Investimentos.

Os três setores que compõem o PIB tiveram crescimento em relação ao quarto trimestre, com destaque para indústria, com expansão de 1,7%. Agropecuária e serviços cresceram 1,1% e 0,8%, respectivamente. Já em relação a igual período do ano passado, agropecuária teve leve queda de 0,5%, indústria cresceu 5% e serviços avançou 2,8%.

Juros e crédito

Na avaliação do economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o ciclo de corte dos juros básicos (Selic), iniciado em setembro do ano passado, já teve um efeito "psicológico" sobre os empresários e os consumidores.

De setembro de 2005 até abril deste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a Selic em quatro pontos percentuais. A taxa está em 15,75% ao ano, mesmo patamar de março de 2001. A expectativa do mercado é que o Copom reduza hoje o juro em pelo menos mais 0,5 ponto percentual.

Com a redução dos juros, o BC diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública. Assim, começa a "sobrar" um pouco mais de dinheiro no mercado para viabilizar investimentos que tenham retorno maior que o pago pelo governo.

O reflexo efetivo do corte do juro na economia, entretanto, deve ocorrer somente no próximo ano, segundo o economista da consultoria GRC Visão, Jason Vieira.

"O afrouxamento monetário terá o maior efeito a partir de 2007, já que o corte do juro leva de três a seis meses para ter efeito na economia."

Com a redução dos juros, houve uma maior procura por empréstimos. As operações de crédito com recursos livres (vinculadas à Selic e outras taxas de juros) cresceram 3,8% no primeiro trimestre e totalizaram R$ 419 bilhões, de acordo com dados do Banco Central. Os empréstimos para pessoas físicas aumentaram 5,4% no período e, para empresas, 2,3%.

Investimentos

Segundo o IBGE, em relação aos componentes de demanda, o destaque no PIB ficou com os investimentos, que cresceram 3,7% sobre os últimos três meses de 2005 e 9% na comparação com o mesmo intervalo do ano passado --maior taxa desde o quatro trimestre de 2004.

Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, explica que o avanço dos investimentos foi influenciado pela queda dos juros, aumento da construção civil e aquecimento da produção e importação de máquinas e equipamentos.

A gerente afirmou que o aumento de 17,2% no crédito direcionado à habitação e o programa de recuperação de rodovias estimularam a construção civil --cresceu 7% sobre os primeiros três meses de 2005.

"Em ano eleitoral é normal ter mais investimentos em infra-estrutura. Metade do programa de tapa buracos já foi feito, o que estimulou a construção", disse.
Ano eleitoral.

Vale destacar o aumento dos gastos públicos no primeiro trimestre. Os gastos do governo federal cresceram 14,5% nos três primeiros meses de 2006, ano eleitoral, segundo dados do Tesouro Nacional.

Em números absolutos, as despesas da União, da Previdência Social e do Banco Central aumentaram R$ 11,3 bilhões no trimestre e chegaram a R$ 88,879 bilhões no final de março.

"O primeiro trimestre esteve sob efeito de uma política monetária e fiscal expansionista. O aumento de gastos e o corte dos juros empurraram a economia para frente.', afirmou Megale.

Indústria e comércio

A produção industrial brasileira, um dos principais setores da economia, cresceu 4,6% de janeiro a março deste ano sobre igual intervalo do ano anterior e 1,2% em relação as três últimos meses de 2005, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no início de maio.

O economista da Mauá avalia que houve uma reposição de estoques no período, o que acelerou o nível de atividade e contribuiu com o crescimento econômico do país.

Incentivos fiscais estimularam o desempenho de segmentos como o de máquinas para escritório e equipamentos de informática, que cresceu 67,4%, refletindo uma maior produção de computadores. Já a proximidade da Copa do Mundo impulsionou setores como e de material eletrônico e de comunicações, com alta de 21,7%, em razão da expansão na produção de televisores e telefones celulares.

Esse mesmo movimento foi verificado no comércio varejista, que apresentou expansão de 5,04% no acumulado do ano até março, com destaque para equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação --cresceu 55,38% no período.

Mercado externo

O crescimento da economia global também foi apontado por economistas como indicador positivo no começo deste ano.

Jason Vieira, da GRC Visão, ressaltou que as principais economias do mundo apresentaram crescimento nos primeiros três meses de 2006. Ele citou como exemplo a expansão de 1,7% nos Estados Unidos, de 4,6% na China e de 0,6% na região do Euro.

Apesar disso, pela primeira vez desde o quarto trimestre de 2003 o setor externo teve contribuição negativa na economia, já que as exportações cresceram menos do que as importações tanto na comparação trimestral quanto anual, segundo avaliação da gerente do IBGE.

As exportaçõses de bens de serviços apresentaram alta de 3,9% sobre o quatro trimestre do ano passado e de 9,3% em relação a igual intervalo de 2005. Neste mesmo tipo de comparação, as importações avançaram 11,6% --maior taxa desde o quatro trimestre de 2006-- e 15,9%, respectivamente.

A queda do dólar no período, segundo a gerente do IBGE, de certa forma estimulou as importações em alguns segmentos da economia.

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