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05/07/2006
-
12h18
RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
A história da ascensão e queda da Enron e de seu "astro", Kenneth Lay, que morreu hoje no Colorado aos 64 anos, já foi alvo de vários documentários e estudos acadêmicos. O filme mais famoso sobre a empresa foi exibido no Brasil em abril: "Enron: The Smartest Guys in the Room" ("Enron: Os Mais Espertos da Sala").
O filme, de 109 minutos, dirigido pelo norte-americano Alex Gibney, chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Documentário na cerimônia deste ano, mas acabou perdendo para o francês "A Marcha dos Pingüins", de Luc Jacquet.
O documentário da Enron conta como um grupo de "nerds" gananciosos liderados por Lay conseguiu construir uma megacorporação apenas manipulando valores e cotações de energia nos Estados Unidos durante a segunda metade da década de 90 e início do século 21. Mostra também que a Enron era, na verdade, apenas a ponta de um iceberg formado por dúzias de outras empresas menores, que eram adquiridas ou criadas sempre mediante um processo de fraude contínua.
Kenneth Lay era o capitão do time, e contou com a ajuda de outras grandes corporações bancárias e até mesmo com a aquiescência corrupta da até então renomada empresa de auditoria Arthur Andersen.
No dia 11 de setembro de 2001, quando os norte-americanos entravam em choque com os atentados no país, a Enron estava em sérios apuros graças à crescente investigação das autoridades. Nesse mesmo dia Kenneth Lay fez um discurso "histórico" para seus funcionários:
"Da mesma forma que os Estados Unidos hoje, a Enron também está sendo atacada".
O documentário mostra desde o início da empresa, quando trabalhar na Enron era considerado o ápice de qualquer carreira executiva, e quando seus funcionários prepotentes e arrogantes eram invejados por todo o mercado, até a derrocada lenta e dolorosa, quando milhares de pessoas perderam absolutamente tudo que juntaram em suas vidas. Não só investidores mas quase todos os funcionários tinham apenas ações da empresa, e nenhuma poupança. O valor das ações era ilusório: foi durante anos inflado sempre mediante mentiras deslavadas em balanços.
A arrogância de Lay, Andrew Fastow (um dos primeiros demitidos na pseudo caça às bruxas promovidas pela própria empresa em 2001) e Lawrence Whalley era tamanha que eles simplesmente ridicularizavam a qualquer analista que se atrevesse a questionar os balanços fictícios da Enron.
Todo o filme é entrecortado por declarações pessoais dos "vilões", obtidas em inúmeros programas de TV, vídeos institucionais e palestras públicas.
No final, descobre-se que, entre outras calamidades, a empresa foi a grande responsável pelos apagões sofridos pelo Estado da Califórnia. Os "nerds" da Enron haviam manipulado a distribuição de energia nos meses anteriores para elevar o valor do "produto": energia. Acabaram provocando um colapso no Estado mais rico dos EUA.
"Enron - Os Mais Espertos da Sala" mostra como a idéia capitalista do "lucro acima de tudo" é hoje uma espécie de religião. Para a qual, aliás, não faltam fiéis fanáticos.
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Editor-chefe da Folha Online
A história da ascensão e queda da Enron e de seu "astro", Kenneth Lay, que morreu hoje no Colorado aos 64 anos, já foi alvo de vários documentários e estudos acadêmicos. O filme mais famoso sobre a empresa foi exibido no Brasil em abril: "Enron: The Smartest Guys in the Room" ("Enron: Os Mais Espertos da Sala").
O filme, de 109 minutos, dirigido pelo norte-americano Alex Gibney, chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Documentário na cerimônia deste ano, mas acabou perdendo para o francês "A Marcha dos Pingüins", de Luc Jacquet.
Richard Carson/Reuters |
Kenneth Lay, fundador e ex-presidente da Enron |
Kenneth Lay era o capitão do time, e contou com a ajuda de outras grandes corporações bancárias e até mesmo com a aquiescência corrupta da até então renomada empresa de auditoria Arthur Andersen.
No dia 11 de setembro de 2001, quando os norte-americanos entravam em choque com os atentados no país, a Enron estava em sérios apuros graças à crescente investigação das autoridades. Nesse mesmo dia Kenneth Lay fez um discurso "histórico" para seus funcionários:
"Da mesma forma que os Estados Unidos hoje, a Enron também está sendo atacada".
O documentário mostra desde o início da empresa, quando trabalhar na Enron era considerado o ápice de qualquer carreira executiva, e quando seus funcionários prepotentes e arrogantes eram invejados por todo o mercado, até a derrocada lenta e dolorosa, quando milhares de pessoas perderam absolutamente tudo que juntaram em suas vidas. Não só investidores mas quase todos os funcionários tinham apenas ações da empresa, e nenhuma poupança. O valor das ações era ilusório: foi durante anos inflado sempre mediante mentiras deslavadas em balanços.
A arrogância de Lay, Andrew Fastow (um dos primeiros demitidos na pseudo caça às bruxas promovidas pela própria empresa em 2001) e Lawrence Whalley era tamanha que eles simplesmente ridicularizavam a qualquer analista que se atrevesse a questionar os balanços fictícios da Enron.
Todo o filme é entrecortado por declarações pessoais dos "vilões", obtidas em inúmeros programas de TV, vídeos institucionais e palestras públicas.
No final, descobre-se que, entre outras calamidades, a empresa foi a grande responsável pelos apagões sofridos pelo Estado da Califórnia. Os "nerds" da Enron haviam manipulado a distribuição de energia nos meses anteriores para elevar o valor do "produto": energia. Acabaram provocando um colapso no Estado mais rico dos EUA.
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